Diretores alertam que ainda não conhecem regras para reabrir escolas
Covid-19
27 de abr. de 2020, 13:04
— Lusa/AO Online
Os diretores escolares
estiveram reunidos na semana passada e esta segunda-feira enviaram uma carta ao
Ministério da Educação alertando para a necessidade de o Governo e a
Direção Geral da Saúde (DGS) darem indicações práticas de como devem
organizar a reabertura das escolas para os alunos do 11.º e 12.º anos,
que poderá acontecer a 18 de maio.“Precisamos
saber quantos alunos poderemos ter por sala de aula para sabermos se
precisamos ou não de mais professores. Se, por exemplo, só puder ter 10
alunos por sala, então para uma turma de 30 alunos se calhar vou
precisar de ter mais dois professores”, exemplificou em declarações à
Lusa Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de
Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).Os
diretores precisam de orientações da Direção-Geral da Saúde para
poderem reorganizar as salas de aula e os espaços comuns, atendendo ao
distanciamento social recomendável. Também precisam de saber o que fazer
no caso dos professores, pessoal não docente e alunos que tenham
problemas de saúde ou que já sejam mais velhos.“É
necessário chegarem orientações, em tempo oportuno, às escolas, com
suporte na Direção-Geral da Saúde”, lê-se na carta enviada ao ministro
da Educação a que a Lusa teve acesso. Na carta, os diretores recordam
que “não são especialistas em Saúde Pública, necessitando do devido
respaldo”.“É preciso refazer horários de
alunos e professores e é preciso garantir que vamos receber material de
higienização ou verbas para o poder comprar”, explicou à Lusa Filinto
Lima, salientando que estes são “alertas” que deixam para que “as coisas
corram bem, independentemente da data em que a aulas recomecem”.O
Governo tem apontado para maio o recomeço das aulas presenciais dos
alunos do secundário, mas tem também remetido para o final desta semana o
anúncio da data efetiva, uma vez que está dependente da evolução da
epidemia.Na carta enviada para o
ministro da Educação, os diretores alertaram para a necessidade de serem
esclarecidos relativamente a matérias que “continuam a precisar de
clarificação”, acrescentou à Lusa Filinto Lima.Os diretores questionam se as aulas presenciais serão apenas para as 22 disciplinas a que os alunos vão realizar exames.“Há
dúvidas que deverão ser esclarecidas quanto ao universo dos alunos do
ensino secundário a regressar, se essa for a opção: os que se
inscreveram nos exames nacionais das disciplinas nos respetivos anos
terminais? Todos os outros, independentemente de se terem inscrito ou
não em exames, para frequência em regime presencial de 11.º ano e de
12.º anos de todas as disciplinas com exame nacional, mesmo não estando
no ano terminal das mesmas, como é o caso de Português e da disciplina
trienal da formação específica no 11.º ano?”, questionam os diretores na
carta enviada.No caso dos alunos que não
se encontram inscritos para exame, os diretores admitem como alternativa
possível “prever que houvesse um reforço de horas para recuperação de
aprendizagens no 12.º ano nas disciplinas trienais com exame nacional”.Além
disso, dizem os diretores, o Ministério da Educação tem de definir se
as aulas presenciais serão para avançar com matéria nova ou se será para
consolidar conhecimentos.Apesar de os
diretores terem estado reunidos alguns dias antes de ser conhecida a
data de 18 de maio para reabertura das escolas, Filinto Lima disse que
se “mantêm as preocupações, agora com um pedido de celeridade agravado
com a data anunciada”.Os diretores pedem
ainda que lhes seja dada autorização para que possam comprar material
informático - como câmaras ou microfones para os computadores - para
poder melhorar os recursos informáticos nas escolas. “O material
informático das escolas está obsoleto e o que pedimos é que possamos
transitar de uma rúbrica para a outra”, explicou à Lusa.Os
diretores defendem que uma parte da verba que não foi gasta nas
despesas diárias e mensais das escolas possa agora ser aplicada na
aquisição de equipamento tecnológico.O ME
também deverá proceder ao reforço orçamental das escolas para que possam
comprar o material de higienização necessário ou então fazer a
distribuição pelos estabelecimentos de ensino.Na
carta enviada ao ministro, os diretores defendem ainda que este é o
momento para a “entrega e devolução de manuais e sua desmaterialização”:
“Atendendo às circunstâncias atuais, nenhum manual escolar emprestado
pelo Estado deverá ser entregue, ficando propriedade dos respetivos
alunos, a título excecional”, defende.Em
simultâneo, o ME deve avançar para a “desmaterialização progressiva dos
manuais e outros materiais escolares”, optando por uma solução integrada
entre o digital e o físico, “assumindo uma visão ecológica e de
acessibilidade sustentável”.Para os diretores, este é também um tempo de repensar o modelo de acesso ao ensino superior.