Diretora da OMS não quer África no fim da fila para futura vacina

9 de jul. de 2020, 15:43 — Lusa/AO online

"É evidente que à medida que a comunidade internacional se reúne para desenvolver vacinas e terapêuticas seguras e eficazes para a covid-19, a igualdade deve ser um foco central destes esforços", disse Matshidiso Moeti.A responsável, que falava hoje numa conferência sobre a covid-19 e o desenvolvimento de uma vacina em África, incentivou, por isso, a comunidade internacional e os países africanos a tomarem medidas concretas para assegurar o acesso em igualdade de circunstâncias."Com demasiada frequência, os países africanos acabam no fim da fila para novas tecnologias, incluindo vacinas. Estes produtos que salvam vidas devem estar disponíveis para todos e não apenas para aqueles que podem pagar", sustentou.A OMS e os seus parceiros lançaram o Acelerador de Acesso a Ferramentas Covid-19 (ACT, na sigla em inglês) para acelerar o desenvolvimento, produção e acesso equitativo a diagnósticos, terapêuticas e vacinas para a covid-19.A organização está também a trabalhar com a Aliança para as Vacinas (GAVI) e outras organizações para assegurar "uma distribuição justa" de vacinas a todos os países, com o objetivo de fornecer dois mil milhões de doses a nível mundial para populações de alto risco, incluindo mil milhões para países de rendimento médio e baixo.A nível mundial, existem quase 150 candidatos à vacina Covid-19 e atualmente 19 estão em ensaios clínicos. A África do Sul é o primeiro país do continente a participar num ensaio clínico, com a Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, a testar uma vacina desenvolvida pelo Oxford Jenner Institute, da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Espera-se que a vacina sul-africana Ox1Cov-19 VIDA-Trial envolva 2000 voluntários com idades entre os 18-65 anos e inclua algumas pessoas que vivem com VIH. A vacina já está a ser testada no Reino Unido e no Brasil com milhares de participantes."Encorajo mais países da região a juntarem-se a estes ensaios, para que os contextos e a resposta imunitária das populações em África sejam tidos em conta nos estudos", disse Moeti. África "tem os conhecimentos científicos necessários para contribuir amplamente para a procura de uma vacina eficaz. Os nossos investigadores ajudaram a desenvolver vacinas contra doenças transmissíveis como a meningite, ébola, febre amarela e uma série de outras ameaças comuns à saúde na região", acrescentou.O número de mortos em África devido à covid-19 subiu hoje para 12.206, mais 251 nas últimas 24 horas, em cerca de 522 mil casos, segundo os dados mais recentes sobre a pandemia no continente.De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número de infetados subiu para 522.104, mais 14.018 nas últimas 24 horas, enquanto o número de recuperados é hoje de 254.361, mais 9.293.Com mais de 220 mil casos e 3.600 mortes, a África do Sul representa mais de 43% do total de infeções no continente.