Diretora admite que situação financeira da SATA “não está totalmente estável”
1 de jul. de 2024, 16:46
— Lusa/AO Online
“O grupo financeiramente não está
totalmente estável, vai haver sempre momentos de maior aflição ou de
menor aflição, digamos assim, mediante aquilo que são, efetivamente, as
entradas de ‘cash’, aliado àquilo que são as saídas de ‘cash’
significativas”, explicou Carla Neto, durante uma audição na comissão de
Economia da Assembleia Regional dos Açores, reunida em Ponta Delgada.A
audição parlamentar ocorreu por proposta dos deputados do PS, para
obter esclarecimentos sobre a situação financeira da companhia aérea
açoriana e sobre as dificuldades operacionais registadas no início de
junho, altura em que cerca de 70% da frota da SATA Air Açores
(responsável pelos voos interilhas) esteve temporariamente parada.Na
audição, o deputado socialista Carlos Silva recordou que a comissão de
Trabalhadores da SATA alertou que “a situação financeira do Grupo é
grave e que terá dificuldades em pagar salários aos trabalhadores e de
pagar também a fornecedores”.Contudo,
Carla Neto garantiu que não antevê, nos próximos tempos, dificuldades de
tesouraria que possam dificultar o pagamento de salários ou de
impostos.“Relativamente aquilo que são as
obrigações para com os trabalhadores, e obrigações fiscais, a SATA tem
cumprido com as suas obrigações”, disse.A
diretora financeira da companhia aérea reconheceu, porém, que houve um
“aumento substancial de custos, tanto na Azores Airlines, como na
SATA Air Açores”, nos últimos tempos, mas lembrou que “houve também um
aumento de receitas”, apesar de ser necessário injetar capital na
transportadora.“É necessário ‘cash’
fresco, permitam-me a expressão. Para nós, a venda da SATA
Internacional, é uma das únicas fontes de financiamento puro que pode
haver no grupo de forma direta”, insistiu Carla Neto, referindo-se ao
processo de privatização de 51% da Azores Airlines, que acabou por não
se concretizar.Segundo as explicações da
responsável financeira do grupo SATA, um dos principais défices da
companhia, que ascende a 100 milhões de euros, resulta da operação das
denominadas “rotas deficitárias” entre Lisboa e os Açores (Lisboa/Horta,
Lisboa/Pico e Lisboa/Santa Maria), que são realizadas ao obrigo de
obrigações de serviço público (OSP’s), mas que não são financiadas pelo
Estado desde 2015.“Quando falamos de 100
milhões, estamos a falar de défice acumulado e o défice está,
naturalmente, muito indexado aquilo que são os custos de estrutura”,
justificou Carla Neto, adiantando que, sendo estas rotas deficitárias,
acabam por ter anualmente um impacto financeiro negativo nas contas da
empresa.Apesar das justificações, os
deputados do PS na comissão de Economia consideraram que os custos com
as OSP’s estão longe dos 100 milhões de euros agora invocados pela
administração da SATA.A diretora
financeira do grupo SATA foi ouvida pelos deputados, juntamente com José
Roque, vogal do conselho de administração da transportadora regional,
apenas três dias depois de o Governo Regional ter indigitado para futuro
presidente do conselho de administração da companhia Rui Coutinho, que
já desempenhou as funções de diretor regional da Mobilidade e irá
substituir Teresa Gonçalves, que se demitiu em abril, alegando “motivos
pessoais”.