Diretor-geral da OMS pede mais esforços para salvar "um planeta doente"
29 de nov. de 2023, 19:16
— Lusa
"Um
planeta doente significa pessoas pouco saudáveis", afirmou Tedros
Adhanom Ghebreyesus, na conferência de imprensa semanal da OMS,
sublinhando que irá pedir na COP28, que se realiza no Dubai, nos
Emirados Árabes Unidos, medidas mais contundentes dos governos e
indústria para acabar com o uso dos combustíveis fósseis e acelerar a
transição para energias mais limpas.Ghebreyesus
realçou que o carvão, o petróleo e o gás "são de longe os maiores
contribuintes para as alterações climáticas", sendo "responsáveis por
mais de 75% das emissões de gases com efeito de estufa".O
diretor-geral da OMS adiantou que outra mensagem que levará à COP28 é a
da redução das emissões poluentes no setor da saúde, que representam
cerca de 5% do total."Devemos focar-nos em
descarbonizar os sistemas sanitários e, ao mesmo tempo, torná-los mais
resilientes ao clima, o que significa fortalecer os seus funcionários e
os sistemas de vigilância das doenças que se construíram durante a
pandemia da covid-19".Tedros Adhanom
Ghebreyesus assumiu que irá pedir na cimeira do clima mais financiamento
para a adaptação do setor da saúde à crise climática, uma vez que
apenas recebe 0,5% dos fundos da luta contra o aquecimento global."O
mundo gasta anualmente biliões de dólares de dinheiro público em
subsídios para os combustíveis fósseis. Pedimos aos governos e
investidores que redirecionem esses fundos para a proteção e promoção da
saúde do nosso planeta e das pessoas", declarou o líder da OMS. Ghebreyesus
lembrou que as mortes de idosos associadas às alterações climáticas
aumentaram 70% em 20 anos e que sete milhões de pessoas morrem
anualmente devido à poluição do ar, salientando que o aquecimento global
está a causar mais surtos de doenças como a cólera.Segundo
o diretor-geral da OMS, o aquecimento do planeta "está a expandir o
leque de mosquitos que transportam agentes patogénicos perigosos", como
os vírus chikungunya, zika, da febre amarela e dengue, "para locais que
nunca tinham lidado com eles". A COP28
dedicará este ano, pela primeira vez, um dia à saúde, no caso o próximo
domingo, que terá mais de 50 ministros da Saúde para analisar as
consequências da crise climática na saúde humana e as possíveis medidas
para contrariá-las. A COP28, na qual
Portugal participará, decorre no Dubai até 12 de dezembro. O país que
acolhe a cimeira - Emirados Árabes Unidos - é um dos maiores produtores
mundiais de petróleo.