Diretor da PJ antecipa mais operações contra o tráfico de seres humanos
24 de nov. de 2022, 12:53
— Lusa/AO Online
Falando na
abertura da conferência ‘As Piores Formas de Trabalho Infantil’ e,
posteriormente, à margem do evento realizado na sede da PJ, em Lisboa,
Luís Neves sublinhou que a operação levada a cabo por centenas de
inspetores se inscreve na esfera dos direitos humanos.“Ontem
[quarta-feira] desencadeámos uma operação de grande envergadura, outras
se seguirão, porque é tempo. Apesar de as vítimas nos seus países de
origem terem vivido em condições que, do ponto de vista europeu e
ocidental, não são aceitáveis, não é possível transportarem modos de
vida, exploração e violência para o nosso território”, declarou.Para
o diretor da Judiciária, a atividade desta força policial – tanto ao
nível da repressão, como da prevenção – “é um trabalho dos direitos
humanos”. Como muitas pessoas continuam a viver em “condições indignas”,
Luís Neves vincou que este é “um trabalho que tem de ser permanente” e
que deve ser alargado a “outros territórios e outros estados” e citou o
combate a esta realidade como “uma missão” da PJ.“Há
trabalhos que estão a ser feitos, há investigações. Há cerca de um ano,
quando ocorreram questões graves do ponto de vista dos direitos humanos
dos trabalhadores migrantes, dissemos que era um trabalho contínuo. E
este é um trabalho contínuo da Unidade Nacional de Contraterrorismo para
continuar a identificar e combater este flagelo: um conjunto de
migrantes que criam riqueza no país, mas que são explorados nos seus
direitos”, referiu.Luís Neves reconheceu
que “há, de facto, uma concentração na zona do Alentejo” da prática
deste tipo de crimes, decorrente da maior produção agrícola, mas
assegurou que a PJ tem conhecimento de práticas similares noutros
locais.“As culturas são sazonais e os
trabalhadores vão percorrendo outros espaços do território nacional.
Conhecemos isso, no passado já tivemos também grandes operações com
condenações conhecidas de todos noutras zonas do país. Agora estamos
concentrados ali, é uma investigação relativamente recente em que se
conseguiu trabalhar bem e depressa, com grande apoio do Ministério
Público”, observou.Sem se querer
pronunciar sobre os resultados da operação desencadeada na quarta-feira,
o diretor da PJ deixou, todavia, uma garantia do compromisso da
instituição na repressão de situações de tráfico de seres humanos ou de
escravatura.“As autoridades estão atentas,
temos trabalhado ao longo dos anos e estamos a encontrar soluções para
termos mais meios humanos e responder com maior celeridade e amplitude. A
PJ está atenta a este fenómeno e a atenção vai ter de ser
materializada”, concluiu.Segundo o
comunicado da PJ, os 35 suspeitos detidos no distrito de Beja estão
“fortemente indiciados” pela prática de crimes de associação criminosa,
tráfico de pessoas, branqueamento de capitais e falsificação de
documentos, entre outros crimes.