Direção do Rádio Clube de Angra propõe extinção aos associados
27 de dez. de 2024, 18:02
— Lusa/AO Online
“Esperando
que o apoio extraordinário que a Região Autónoma [dos Açores] aprovou
possa ser recebido com a máxima urgência, para liquidação das contas e
pagamentos referentes aos mês de dezembro de 2024, a direção do Rádio
Clube de Angra não vê alternativa que não seja propor à assembleia geral
de associados – que terá de decorrer entre o final de janeiro e início
de fevereiro de 2025 – a extinção da associação, por forma a evitar
entrar em caminhos de acumulação de dívidas, como se verificou no
passado”, lê-se num comunicado de imprensa, enviado hoje.A
direção da instituição sem fins lucrativos, liderada por Pedro
Ferreira, lembra, em comunicado, que já em fevereiro de 2024 tinha
alertado em assembleia geral para as “dificuldades sentidas”, pedindo
uma “ponderação sobre o seu eventual encerramento”.“Exceto
honrosa meia dúzia de associados diferentes dos habitualmente presentes
no órgão máximo da ‘Voz da Terceira’, não chegaram a duas dezenas os
sócios presentes (de um universo de 451 sócios ativos)”, lamenta.Segundo
a direção, a instituição está “a viver uma situação de profundas
dificuldades financeiras”, com “custos fixos de manutenção muito
elevados” e “cada vez mais encargos”, como o novo pagamento das taxas
dos direitos conexos.Os dirigentes alegam,
por outro lado, que há “cada vez menos colaboradores disponíveis para
contribuir para a vida da estação de radiodifusão”, um “afastamento
total dos associados” e “uma despreocupação da sociedade civil
terceirense relativamente à instituição”.Perante
este cenário, dizem que “dezembro de 2024 ficará marcado pela
impossibilidade líquida de pagar vencimentos aos apenas quatro
funcionários e as demais contas e contribuições”.“As
receitas do Rádio Clube de Angra são, maioritariamente, resultantes de
contratos de prestação de serviços na área da publicidade comercial, mas
têm vindo a reduzir de forma significativa, por opção do próprio tecido
empresarial local”, justificam.Por outro lado, alegam que os apoios públicos atribuídos pelo Governo Regional dos Açores “são escassos e tardam a ser pagos”.Em
2024, por exemplo, adiantam que “não foi feito qualquer pagamento no
âmbito da candidatura apresentada e aprovada ao Programa Regional de
Apoio à Comunicação Social Privado da Região (PROMEDIA)”, nem foi pago o
apoio extraordinário já publicado em Jornal Oficial.“Apesar
de todos os esforços promovidos pela direção, dos eventos organizados
na tentativa de angariação de fundos, das prestações de serviços em
emissões especiais e da manutenção da cobertura de eventos únicos no
espetro radiofónico local, regional e nacional (como transmissões de
corridas de toiros, ralis, festividades populares e carnaval, entre
outras), não há dinheiro para pagar contas; pior, não há dinheiro para
pagar ordenados”, salientam.Na próxima
assembleia geral serão realizadas novas eleições para os órgãos sociais
do RCA e a atual direção vai solicitar a inclusão de um ponto na ordem
dos trabalhos para colocar em cima da mesa a extinção da associação.“A
instituição parece já não ser essencial à ilha Terceira e aos Açores e,
sendo assim, como em tudo na vida, estará na hora de declarar o seu
fim, evitando situações dramáticas como as que a instituição já
vivenciou de longos meses de ordenados em atraso, contas a fornecedores
por liquidar e dívidas a entidades públicas que, como se sabe,
existindo, são o primeiro passo para o total bloqueio ao seu
funcionamento”, lê-se no comunicado.