Direção da RTP/Açores garante cumprimento de serviço público
16 de nov. de 2021, 17:39
— Lusa/AO Online
“Ultrapassámos
a questão das infraestruturas, de renovação de equipamentos. O nosso
problema maior está ligado aos recursos humanos. O governo da República
não permite que façamos contratações com a facilidade de que
necessitamos. Temos também a questão dos correspondentes [em seis das
nove ilhas do arquipélago]. Mas o serviço público não está nem esteve em
causa. Isso é um não problema”, garantiu Lorina Amaral.A
diretora do Centro Regional dos Açores da RTP falava na comissão
parlamentar de Cultura e Comunicação do parlamento, na sequência de um
requerimento apresentado pelo grupo parlamentar do PSD sobre o modelo de
funcionamento daquela estrutura da televisão pública.Tanto
a diretora como o subdiretor para conteúdos notaram que foi no Centro
Regional dos Açores que se verificou “um dos maiores crescimentos do
grupo RTP”, nomeadamente desde que começou a pandemia de Covid-19, em
março de 2020.A responsável indicou que o
Centro Regional tem, “presentemente, 123 trabalhadores”, estando
requisitados três, afetos ao centro de Ponta Delgada (ilha de São
Miguel).“São 120 trabalhadores no ativo,
sendo 11 no Faial, 20 na Terceira e 89 em São Miguel. Temos, depois, os
correspondentes nas ilhas onde não há delegação [Pico, Flores, Corvo,
São Jorge, Santa Maria, Graciosa]”, afirmou.Rui
Goulart, subdiretor do Centro Regional dos Açores da RTP para
conteúdos, que também participou na audição por videoconferência,
esclareceu que, relativamente à ilha de São Jorge, ainda não foi
possível encontrar um correspondente, esperando ter “a situação
resolvida em janeiro”.Goulart admitiu que,
“para cumprir o serviço público”, as verbas destinadas aos
colaboradores “saem da grelha de programas”, algo que não corresponderá
“ao ideal”, mas que tem permitido assegurar o serviço previsto na lei.Lorina
Amaral defendeu que o orçamento de grelha do Centro Regional “devia ser
diferenciado, tendo em conta as especificidades” dos Açores,
nomeadamente os “custos de deslocação e estada de pessoas, mas também de
transporte de equipamentos”.“Além de termos de deslocar pessoas, temos de deslocar os equipamentos que não conseguimos ter replicados”, observou.O deputado do PSD Paulo Moniz manifestou-se “dececionado com o conformismo da direção da RTP Açores”.“Como
é que a RTP Açores não entende que, pelo menos, a sua quota parte da
publicidade da RTP deve ser uma reivindicação sua”, questionou o
social-democrata.O deputado observou ainda
ser difícil cativar correspondentes de ilha para serem ‘one-man-show’
[homem de sete instrumentos, em tradução livre], pagando “60 euros por
peça”.Goulart esclareceu que os
colaboradores correspondentes em seis das ilhas dos Açores têm de
“captar, editar imagem e fazer textos”, para o formato televisivo e o
formato áudio, mas recebem mais 20 euros por este contributo adicional. A
diretora, Lorina Amaral, vincou não estar em causa “conformismo, mas
procura de estabilidade”, recusando que “com demasiada agitação ou a
falar mais alto” se resolvam os problemas.Isabel
Rodrigues, deputada do PS, considerou não ser possível “ter-se a
pretensão de ter um canal de televisão regional exclusivamente
financiado” por verbas da receita audiovisual e de publicidade.A
socialista observou ainda não ser possível “ter uma produção de
qualidade nas nove ilhas sem ter correspondentes, de preferência com um
estatuto diferente” do atual. A deputada
do BE Beatriz Gomes Dias questionou o impacto da redução no orçamento da
RTP no financiamento da RTP Açores, alertando para os problemas de
“trabalhadores com vínculos precários a desempenhar tarefas
permanentes”. Alma Rivera, do PCP,
considerou estar em causa “um problema do país, de valorização de
carreiras e profissões”, devido a “um quadro de contratação que não
consegue atrair profissionais”.