Diminuição de rastreios de VIH pode aumentar infeções por décadas
Covid-19
22 de nov. de 2021, 12:33
— Lusa/AO Online
“As consequências da
interrupção dos sistemas de saúde incluirão um aumento de novas infeções
que podem continuar por décadas, bem como um ressurgimento das taxas de
SIDA e mortalidade em indivíduos que não conseguiram ter acesso aos
testes e que tiveram acesso tardio aos cuidados”, refere o relatório da OMS.As conclusões
do estudo, que abrangeu 44 países de quatro continentes, incluindo
Portugal, serão apresentadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no
lançamento da Semana Internacional e Europeia do Teste, que arranca
hoje.Os dados sobre o impacto da pandemia
no rastreio do vírus da imunodeficiência humana (VIH) adiantam que,
entre 01 de janeiro e 31 de agosto de 2020, em relação ao período
homólogo de 2019, verificou-se uma redução de 26,19% no número de testes
em países europeus, que baixou de 204.610 para 151.019.Além
disso, registou-se um aumento da percentagem de testes positivos para o
vírus que pode causar a sida (síndrome de imunodeficiência adquirida)
de 3,39 para 4,88, o que representou um crescimento de 43,95% nesse
período no caso europeu.“Encontramos um
aumento na percentagem de testes positivos em todos os continentes,
variando de 2,19% em África a 43,95% na Europa”, adianta o estudo que
recorreu a dados da AIDS Healthcare Foundation.Já
no que se refere ao impacto da pandemia nas consultas de pessoas com
VIH, o relatório refere que os países de África e da América Latina
apresentaram reduções de 7,14% e 24,31% nos atendimentos presenciais,
enquanto os países europeus e asiáticos tiveram um ligeiro aumento no
número de consultas em 2020.Por outro
lado, os países africanos, asiáticos e latino-americanos registaram
reduções no número de novas inscrições nos serviços de saúde, que
variaram entre 32,05% e 56,26%, ao contrário dos países europeus, onde
se verificou uma evolução positiva deste indicador.“Apesar
dos esforços para fornecer tratamento e cuidados, bem como ferramentas
de teste e prevenção para populações vulneráveis durante a pandemia, a
covid-19 provavelmente terá um grande impacto sobre esses serviços nos
próximos anos”, alerta o estudo.Os autores
esperam que a vacinação contra o coronavírus SARS-CoV-2 “ajude os
serviços de VIH a recuperar do impacto substancial da pandemia”,
defendendo ainda que, para minimizar estes impactos, são necessárias
“estratégias para melhorar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento nos
períodos pandémico e pós-pandémico”.Segundo
o relatório “Infeção VIH e SIDA em Portugal – 2020”, foram
diagnosticados 778 novos casos de infeção em 2019, menos 331 face a
2018.