Dia do Romeiro assinala no domingo em São Miguel tradição religiosa com quase 500 anos

Ranchos que integraram as romarias da Quaresma em São Miguel, reúnem-se no domingo na Relva, no Dia do Romeiro, no culminar das romarias deste ano, uma das principais manifestações de religiosidade popular da ilha, com quase 500 anos.


Autor: Lusa/AO Online

“O Dia do Romeiro pretende reunir todos os ranchos de romeiros de São Miguel que participaram nas romarias. E é o culminar da romaria deste ano”, explicou à agência Lusa Paulo Lopes, mestre de romeiros do rancho da Relva (concelho de Ponta Delgada), que este ano organiza o Dia do Romeiro.

Os primeiros ranchos das tradicionais romarias da Quaresma em São Miguel saem todos os anos para a estrada no fim de semana a seguir à Quarta-feira de Cinzas e os últimos regressam às suas localidades na Quinta-feira Santa.

Durante este período os romeiros percorrem muitos quilómetros a pé durante uma semana, usando um xaile, um lenço, um saco para alimentos, um bordão e um terço, num percurso onde vão entoando cânticos e rezando.

Paulo Lopes referiu que a celebração do Dia do Romeiro "é organizado a nível de ilha", cabendo este ano a organização da iniciativa ao Rancho de Romeiros da Paróquia de Nossa Senhora das Neves.

"É um dia que pretende reunir todos os ranchos de romeiros da ilha, com a organização de várias atividades com o objetivo principal de ser um momento de reflexão que encerra a semana de romarias", salientou Paulo Lopes, mestre há três anos e romeiro há 13, desde que existe o rancho da Relva.

O responsável lembrou que este ano participaram nas romarias da Quaresma de São Miguel mais de 50 ranchos, integrando mais de 2.000 homens, e apelou à participação de todos no Dia do Romeiro.

"Foram todos os ranchos convidados e temos apostado na divulgação da iniciativa, uma vez que em outros anos não tem havido tanta participação", referiu, sublinhando que dentro de três anos as romarias completam 500 anos.

Segundo o mestre, a semana em que incorpora a romaria "não tem explicação - é uma paz interior, num percurso de muita concentração, ora pedindo, ora agradecendo uma graça alcançada".

"Cada um vive a romaria à sua maneira. Para mim é um recarregar de baterias para o resto do ano", frisou.

As romarias são uma das principais manifestações de religiosidade popular da ilha e nos ranchos tradicionais só podem participar homens, mas surgiram, entretanto, romarias de mulheres, que na maioria duram apenas um dia.

A média de elementos de cada grupo ronda os 50 homens e as romarias devem cumprir um percurso sempre com mar pela esquerda, passando pelo maior número possível de igrejas e ermidas de São Miguel.

Durante o período em que estão na estrada, os romeiros dormem em casas particulares ou em salões paroquiais, devendo iniciar a caminhada antes do amanhecer e entrar nas localidades logo a seguir ao pôr-do-sol.

O programa do Dia do Romeiro, no domingo, arranca pelas 09:30 locais (mais uma hora em Lisboa) na Igreja Paroquial de Nossa Senhora das Neves, com o acolhimento dos ranchos, havendo ainda palestras, missa campal, sopas do Espírito Santo e atuações musicais, entre outras atividades.