Dia do Romeiro assinala no domingo em São Miguel tradição religiosa com quase 500 anos
3 de mai. de 2019, 09:00
— Lusa/AO Online
“O Dia do Romeiro pretende
reunir todos os ranchos de romeiros de São Miguel que participaram nas
romarias. E é o culminar da romaria deste ano”, explicou à agência Lusa
Paulo Lopes, mestre de romeiros do rancho da Relva (concelho de Ponta
Delgada), que este ano organiza o Dia do Romeiro.Os
primeiros ranchos das tradicionais romarias da Quaresma em São Miguel
saem todos os anos para a estrada no fim de semana a seguir à
Quarta-feira de Cinzas e os últimos regressam às suas localidades na
Quinta-feira Santa.Durante este período os
romeiros percorrem muitos quilómetros a pé durante uma semana, usando
um xaile, um lenço, um saco para alimentos, um bordão e um terço, num
percurso onde vão entoando cânticos e rezando.Paulo
Lopes referiu que a celebração do Dia do Romeiro "é organizado a nível
de ilha", cabendo este ano a organização da iniciativa ao Rancho de
Romeiros da Paróquia de Nossa Senhora das Neves."É
um dia que pretende reunir todos os ranchos de romeiros da ilha, com a
organização de várias atividades com o objetivo principal de ser um
momento de reflexão que encerra a semana de romarias", salientou Paulo
Lopes, mestre há três anos e romeiro há 13, desde que existe o rancho da
Relva.O responsável lembrou que este ano
participaram nas romarias da Quaresma de São Miguel mais de 50 ranchos,
integrando mais de 2.000 homens, e apelou à participação de todos no Dia
do Romeiro."Foram todos os ranchos
convidados e temos apostado na divulgação da iniciativa, uma vez que em
outros anos não tem havido tanta participação", referiu, sublinhando que
dentro de três anos as romarias completam 500 anos.Segundo
o mestre, a semana em que incorpora a romaria "não tem explicação - é
uma paz interior, num percurso de muita concentração, ora pedindo, ora
agradecendo uma graça alcançada"."Cada um vive a romaria à sua maneira. Para mim é um recarregar de baterias para o resto do ano", frisou.As
romarias são uma das principais manifestações de religiosidade popular
da ilha e nos ranchos tradicionais só podem participar homens, mas
surgiram, entretanto, romarias de mulheres, que na maioria duram apenas
um dia.A média de elementos de cada grupo
ronda os 50 homens e as romarias devem cumprir um percurso sempre com
mar pela esquerda, passando pelo maior número possível de igrejas e
ermidas de São Miguel.Durante o período em
que estão na estrada, os romeiros dormem em casas particulares ou em
salões paroquiais, devendo iniciar a caminhada antes do amanhecer e
entrar nas localidades logo a seguir ao pôr-do-sol.O
programa do Dia do Romeiro, no domingo, arranca pelas 09:30 locais
(mais uma hora em Lisboa) na Igreja Paroquial de Nossa Senhora das
Neves, com o acolhimento dos ranchos, havendo ainda palestras, missa
campal, sopas do Espírito Santo e atuações musicais, entre outras
atividades.