DGArtes: Comunistas convocam ministro da Cultura com urgência ao parlamento
2 de abr. de 2018, 14:11
— Lusa/AO online
"O
PCP considera que toda a situação tem de ser esclarecida e que se
explicite claramente que medidas vão ser tomadas para que todas as
estruturas de todas as áreas que requereram apoio e não o obtiveram
possam prosseguir a sua atividade", lê-se no texto, no qual se questiona
ainda "o que será feito nos casos em que o apoio atribuído se revelar
insuficiente", "que novas regras serão agora implementadas" e "qual é,
afinal, a linha política do Governo".O
requerimento da bancada comunista sublinha que, "no caso do teatro,
aparentemente, são obliterados os percursos de companhias e estruturas
que ao longo de anos tiveram e têm um papel incontornável na vida
cultural" portuguesa, "várias com um historial de verdadeira
descentralização cultural que tem de ser valorizado e não pode ser
esquecido"."Note-se
que estes não são problemas que se reduzem apenas a um caso pontual dos
apoios ao teatro. Também no caso das áreas do circo, da dança, das
artes plásticas e dos cruzamentos disciplinares se verifica uma gritante
escassez de verbas que dita a exclusão de candidaturas elegíveis e não
permite uma resposta adequadas às necessidades de desenvolvimento do
país", lamenta o grupo parlamentar do PCP no requerimento à Comissão de
Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, presidida pela socialista
Edite Estrela.O
primeiro-ministro, António Costa, anunciara há semanas um aumento de 15
para 16,5 milhões de euros da dotação para a criação artística já em
2018, adiantando que em 2019 será superada a meta de investimento
prevista no programa do Governo.De
acordo com os resultados provisórios do Concurso ao Programa de Apoio
Sustentado 2018-2021 da Direção-Geral das Artes (DGArtes), comunicados
aos candidatos, e a que a agência Lusa teve acesso, cinquenta
candidaturas das 89 avaliadas na área do teatro deverão receber apoio
estatal, deixando de fora várias estruturas que tiveram apoio no
passado.De
fora do concurso, fica o Teatro Experimental de Cascais, duas companhias
profissionais com sede em Coimbra - O Teatrão e Escola da Noite -, o
Centro Dramático de Évora (CENDREV), o Teatro das Beiras, da Covilhã.Igualmente
excluídos estão o Teatro Experimental do Porto, a Seiva Trupe, o
Festival Internacional de Marionetas e o Festival Internacional de
Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), também do Porto, o Teatro de
Animação de Setúbal, a associação GRIOT, Chão de Oliva, o Teatro dos
Aloés, a Casa Conveniente e a Cooperativa Cultural Espaço Aguncheiras,
entre as 39 estruturas e projetos que ficam sem financiamento.Entre
as companhias com projetos apoiados, neste projeto de decisão, estão o
Teatro do Elétrico, o Teatro Extremo, a Ar de Filmes, a Este - Estação
Teatral, a Companhia de João Garcia Miguel, o Teatro Art'Imagem, a Mala
Voadora, o Teatro do Vestido, as Comédias do Minho, o Teatro da Garagem,
o Teatro Meridional, o Teatro do Bolhão, a Amarelo Silvestre, o Teatro
da Rainha, a associação Enlama, a Escola de Mulheres, o teatromosca e
mais 33 estruturas de diferentes pontos do país.O
CENA-STE, Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, do Audiovisual e
dos Músicos, a Rede - Associação de Estruturas para a Dança
Contemporânea, a Plateia - Profissionais Artes Cénicas, e o Manifesto em
Defesa da Cultura, num comunicado conjunto divulgado no sábado
anunciaram que vão decorrer ações de protesto na próxima sexta-feira em
Lisboa e no Porto, "na sequência dos resultados dos concursos de apoio
às artes da DGArtes".O
CENA marcou já uma conferência de imprensa para terça-feira pelas
20:30, e uma concentração frente ao Teatro Nacional D. Maria II, em
Lisboa, na próxima sexta-feira, para exigir a criação de um novo modelo
de apoio às artes.