Dezenas juntam-se em Lisboa para exigir fim das mortes na Palestina e dos combustíveis fósseis
8 de jun. de 2024, 19:11
— Lusa/AO Online
Convocada
pelo movimento “Fim ao Genocídio, fim ao fóssil”, a marcha “Unidas
contra o Colapso” estava marcada para começar às 15:00, mas arrancou
cerca de uma hora mais tarde do jardim do Príncipe Real para rumar até
ao gabinete de representação do parlamento europeu em Lisboa, a
aproximadamente um quilómetro de distância.“Estamos
aqui no contexto das eleições europeias para dizer que as instituições
estão a falhar em dar resposta a estas duas crises: ao genocídio que
está a acontecer e à crise climática. Estas eleições dão o mandato no
qual será necessário pôr fim a este genocídio e que permite que a
transição seja feita e resolver a crise climática nos prazos que a
ciência nos dá. Não existem neste momento planos para isso acontecer”,
disse Joana Fraga, uma das porta-vozes da iniciativa. Sublinhando
que é preciso acabar com o “conforto” das instituições europeias
relativamente ao conflito em Gaza e ao combate à crise climática, Joana
Fraga rebateu também a ideia de que a União Europeia seja um dos pontos
do mundo onde o cumprimento de metas para a transição climática esteja
mais avançado.“Não sei onde estamos a
contribuir ativamente para essa transição, quando somos dos países que
estamos a explorar o sul global para perpetuar e acentuar esta crise”,
indicou, sem deixar de notar que os ativistas vão continuar a
manifestar-se “enquanto durar o genocídio e o escalamento da crise
climática”.Já José Borges, outro dos
porta-vozes do movimento, salientou a necessidade desta iniciativa para
dar visibilidade ao que considerou ser as “medidas insuficientes” da
União Europeia para a questão do clima e de Gaza.“Estes
dois problemas são sintomas da mesma doença: o imperialismo. Se por
alguma razão se permite que haja um genocídio e bombardeiem escolas e
pessoal não militar, é também porque existe um sistema que permite que
se ponha o lucro à frente da vida das pessoas e isso também é
evidenciado na crise climática”, observou, preconizando o fim dos
combustíveis fósseis até ao final desta década e “um boicote” da Europa a
Israel.Controlado de perto por um
dispositivo policial desde o início ao fim do percurso, o movimento
agregou representantes de diferentes grupos de ativistas climáticos,
como Mariana Rodrigues, do grupo Climáximo, que justificou a ligação da
luta contra as alterações climáticas ao conflito israelo-palestiniano.“Não
são causas separadas. Por um lado, a crise climática é o contexto
atual, a própria guerra e o genocídio na Palestina está a acontecer no
meio da crise climática. Neste momento, a Palestina é uma das áreas que
mais está a sofrer com as alterações climáticas e o pouco acesso à água.
O que está a causar a crise climática e o genocídio na Palestina está
interligado: colocar o lucro acima da vida e das pessoas”, afirmou à
Lusa a ativista.Mariana Rodrigues lembrou
igualmente que as eleições para o parlamento europeu preveem um mandato
dos futuros eurodeputados até 2029, um período que coincide com um dos
objetivos destes ativistas: o fim do uso de energia fóssil até 2030.“É
o último mandato para parar o colapso climático. Sabemos que nenhum dos
partidos está a apresentar planos compatíveis com a crise climática e
nesse sentido sabemos que têm de ser as pessoas unidas a atuarem. Vamos
garantir que esse é um processo com justiça social, porque sabemos que
os governos e as empresas estão ativamente a não o fazer”, frisou.