Dezenas de pessoas concentram-se "contra o ódio" em Lisboa

Brasil/ Eleições

21 de out. de 2018, 19:57 — Lusa/Ao online

“Dizer basta ao ódio, ao medo e à violência tem de se fazer valer neste momento. É urgente reafirmar a democracia, a liberdade e os direitos humanos”, foi o objetivo do protesto, organizado por ativistas e movimentos sociais portugueses e brasileiros, cujo alvo é o candidato presidencial Jair Bolsonaro do Partido Social Liberal (PSL) e que juntou na baixa de Lisboa algumas dezenas de cidadãos brasileiros e portugueses.O antigo dirigente do Bloco de Esquerda Francisco Louçã foi um dos participantes na concentração e disse à Lusa que o seu objetivo de se juntar à iniciativa foi "lutar pela defesa intransigente da liberdade” e chamar a atenção para “o discurso de ódio que alimenta o ódio que Bolsonaro representa”.“Há dias que não podemos ficar calados. E se Bolsonaro que é um homem que detesta as mulheres, despreza os pobres que promove a ideia do assassinato como forma de ação política e, portanto, pisa a democracia e se apresenta nas eleições, creio que é preciso defendermos os democratas e a liberdade no Brasil”, comentou.O protesto, o segundo que acontece na praça Luis de Camões durante a campanha eleitoral para as eleições presidenciais brasileiras, demonstra, segundo Louçã, que “há gente que não se acobarda e não se refugia no silêncio da vergonha”, acreditando que a democracia ainda pode ganhar no Brasil.Sobre o recrudescer de políticas de extrema direita na América e na Europa, Francisco Louçã considerou que “a vitória do Trump nos Estados Unidos significa uma grande deslocação para a extrema-direita", elencou vários países europeus que têm políticas xenófobas e muito agressivas, "mas nenhuma se compara à de Bolsonaro”.Ederson, um estudante brasileiro de 39 anos que vive em Portugal, contou à agência Lusa que se juntou ao protesto para "lutar contra o fascismo, a favor da democracia, das mulheres, da sexualidade, dos pobres, dos negros, a favor do povo brasileiro".A vitória de Jair Bolsonaro fará, segundo Ederson, prejudicar a estrutura da saúde “que já é muito precária no Brasil”, assim como o ensino em países estrangeiros.“As bolsas dos estudantes para estudarem fora do país por exemplo de mestrado para doutoramento já foram todas cortadas e há muita coisa que os pobres estão a perder cada vez mais e a classe alta cada vez mais beneficiada”, exemplificou.Jair Bolsonaro (PSL) venceu a primeira volta das eleições presidenciais brasileiras com quase 47% dos votos, seguido de Fernando Haddad (PT).Ederson não acredita que o voto em Bolsonaro seja um voto de protesto pelas ações políticas do PT e de Michel Temer, mas ainda assim diz ter esperança numa reversão de resultados e que Bolsonaro não consiga ser o próximo presidente do Brasil.Os organizadores leram vários textos contra “o ódio no Brasil” e os manifestantes muniram-se de vários cartazes onde se lia “democracia sempre, fascismo nunca mais”, “hoje são vocês, amanhã somos nós” era a frase um cartaz com as cores de Portugal.A vereadora brasileira Marielle Franco, vereadora, ativista e defensora dos direitos humanos, morta há seis meses no Rio de Janeiro, foi uma das “vítimas” lembradasO crime causou uma forte comoção nacional, porque Franco, de 38 anos, negra, lésbica, nascida num complexo de favelas violentas e militante de esquerda do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), se destacou por denunciar abusos policiais nas favelas e pela defesa dos direitos humanos.