Autor: Lusa/AO Online
"Desde que foi introduzido o rastreio assistiu-se a um incremento da deteção da doença. Antes do rastreio tínhamos uma incidência de 100 novos casos por ano e a partir do momento que entra o rastreio passou para os 120 a 130, com variações anuais", afirmou Gonçalo Forjaz, presidente do núcleo regional dos Açores da Liga Portuguesa Contra o Cancro e também responsável pelo registo oncológico dos Açores.
Gonçalo Forjaz falava à Lusa a propósito do encontro que o núcleo regional dos Açores da Liga Portuguesa Contra o Cancro organiza no sábado, no âmbito do mês internacional de sensibilização para o cancro da mama.
O programa de rastreio do cancro da mama, definido pelo Governo Regional e coordenado pelo Centro de Oncologia, iniciou-se em finais de 2008 e permite a realização de mamografias gratuitas a todas as mulheres entre os 45 e 74 anos, que são convocadas para a realização daquele exame, de dois em dois anos, com o objetivo de reduzir a mortalidade devido à possibilidade de deteção precoce da patologia.
Gonçalo Forjaz sublinhou que "tal como acontece em todo o lado", após a introdução do rastreio "é normal que a incidência aumente" e frisou que em termos de risco de o desenvolver "os Açores estão mais ou menos equiparados a outras regiões".
"Começa-se a rastrear, começa-se a identificar mais e portanto começam a aparecer mais cancros e é normal que a incidência aumente", explicou, acrescentando que o incremento se verificou essencialmente "no grupo etário que vai dos 45 aos 74", a faixa abrangida pelo rastreio.
Frisando que os dados oficiais para todos os tipos de cancro, desde 2007 e até 2011, só deverão ser apresentados até final do ano, Gonçalo Forjaz disse ainda que as pessoas "estão muito mais informadas", destacando que o cancro da mama "é um dos cancros com melhor prognóstico, essencialmente devido às inovações terapêuticas e o rastreio".
No sábado, o núcleo regional dos Açores (NRA) da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) organiza um encontro para assinalar o Mês Internacional de Sensibilização para o Cancro da Mama, no auditório da Universidade dos Açores, no Pico da Urze, na Terceira.
O encontro está estruturado em quatro painéis: “Epidemiologia e Fatores de Risco: mitos e factos”; “Cuide de Si: uma perspetiva do rastreio organizado ao cancro de mama”; “Cirurgia: a Chave que abre a porta para a cura”; “Enfermagem em Cuidados Oncológicos”; “Cuidar e Ser Cuidado no Cancro da Mama: ao encontro do casal”; “Os Alimentos na Prevenção e Controlo do Cancro”; “Drenagem Linfática na Mulher Mastectomizada”; “Pós-Mastectomia: que tipo de exercícios posso e devo fazer”; “O Movimento Vencer e Viver do Núcleo Regional dos Açores da Liga Portuguesa Contra o Cancro” e ainda “Testemunho de uma voluntária”.