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Detetadas mais de 20 manchas de poluição causadas pelo afundamento do “Felicity Ace”

Autoridade Marítima Nacional revela que a área onde o navio afundou continua a ser monitorizada, tendo a última mancha de poluição sido detetada em julho de 2023



Autor: Ana Carvalho Melo

A Autoridade Marítima Nacional (AMN) revelou que desde o afundamento do navio mercante “Felicity Ace”, a 1 de março de 2022, já foram detetadas 22 imagens com manchas de poluição.

Ao Açoriano Oriental, a AMN recorda que o “Felicity Ace”, que afundou a cerca de 35 milhas náuticas (cerca de 46 km) fora do limite exterior da Zona Económica Exclusiva (ZEE) nacional, tem vindo a ser monitorizado através do sistema de vigilância por satélite CleanSeaNet (CSN).

As primeiras imagens foram obtidas e recebidas no dia 22 de fevereiro de 2022 e mantiveram-se, numa base quase diária, até 6 de abril de 2022 (através da atualização de pedidos por parte da AMN e de acordo com a evolução da situação).

A partir deste dia, foi solicitado que o planeamento das imagens CSN para a área portuguesa, nos meses de abril e maio, fosse mais direcionada para a área do afundamento.

Assim, através do serviço CSN – e considerando que cada imagem resulta da passagem do satélite para a área definida – foram detetadas 22 imagens com manchas de poluição.

Deste total, a AMN recebeu, entre 1 de março de 2022 e 1 de março de 2023, 19 imagens com manchas de poluição (10 imagens até 14 de março de 2022, sendo que a primeira mancha foi detetada a 2 de março de 2022).

Já no período de março de 2023 a 1 de março de 2024 foram detetadas três manchas, a última das quais a 14 de julho de 2023.

Segundo a AMN, “inicialmente, em março de 2022, as manchas detetadas eram de dimensão ainda significativa, mas dissiparam-se ao fim de poucos dias, sem impacto notório no meio marinho, não tendo sido desenvolvida qualquer intervenção”.

Já as manchas detetadas posteriormente foram “todas de dimensão pouco significativa, igualmente sem impacto na área”.

Também o NRP Setúbal  detetou, no dia 4 de março de 2022, quando tinha a bordo uma equipa da Direção-geral da Autoridade Marítima (DGAM), em particular da Direção de Combate à Poluição do Mar (DCPM), verificou a existência de uma mancha da qual recolheu amostras para análise e para eventual fim processual.

Acrescenta ainda que, no quadro da relação institucional existente, e atentas às competências da AMN e da Marinha em matéria de proteção e preservação do meio marinho, e sua fiscalização, o Comando da Zona Marítima dos Açores (CZMA) monitoriza, por rotina e no quadro das suas possibilidades logísticas, as suas áreas de responsabilidade com base nas imagens recebidas do serviço CSN e que, normalmente, cobrem a área próxima do naufrágio. Portanto, a monitorização de manchas de poluição é realizada em moldes diários, existindo um plano de imagens do sistema CSN mensal, que cobre toda a ZEE portuguesa, incluindo toda a área em que ocorreu o afundamento do “Felicity Ace”.

Ainda neste contexto, explica que, tratando-se do afundamento de um navio carregado com automóveis, as eventuais consequências prender-se-ão com a normal deterioração dos materiais e libertação de substâncias ainda existentes a bordo. No entanto, revela que o navio encontra-se a cerca de três quilómetros de profundidade, pelo que “os eventuais efeitos a serem relevantes ocorrerão junto ao local onde se encontra o navio, pois quaisquer substâncias libertadas terão uma massa de água muito considerável para se diluírem”.