Desporto alerta para crise no setor em carta aberta ao primeiro-ministro
Covid-19
2 de nov. de 2020, 13:28
— Lusa/AO Online
“A
situação pandémica deu origem a uma crise desportiva. E esta requer uma
resposta política através de iniciativas públicas robustecidas pela
excecionalidade da situação. O que se constata é a ausência de medidas
adequadas ao que a situação exige”, lê-se na missiva assinada por Comité
Olímpico de Portugal (COP), Comité Paralímpico de Portugal (CPP) e
Confederação do Desporto de Portugal (CDP).Na
carta aberta enviada a António Costa, a que a agência Lusa teve
acesso, as três estruturas consideram “que, para o Governo de Portugal,
não está a ser tomado em devida conta o impacto social, económico,
cultural e político que o desporto representa”.“Ao
contrário de outros países europeus, e de outros setores nacionais
igualmente expostos ao impacto da crise, por força do cancelamento das
suas atividades, constata-se que não foram até hoje implementadas ou
acolhidas quaisquer medidas propostas com impacto direto no desporto. A
proposta de lei do Orçamento do Estado para 2021 é o exemplo mais
recente dessa desconsideração”, prosseguem.De
acordo com COP, CPP e CDP, “a falta de reconhecimento do papel social
do desporto, e dos agentes e organizações que o representam, acentua as
vulnerabilidades que têm afetado o setor, expondo de forma evidente a
fragilidade no campo político, numa omissão que desafia os limites da
sobrevivência e o futuro desportivo do país aos seus mais diversos
níveis”.Na carta aberta enviada ao
primeiro-ministro António Costa, as estruturas representativas das
federações desportivas nacionais denunciam que “Portugal tem ignorado os
exemplos de outros países europeus que convergem no sentido de apoio
público urgente ao Desporto”, depois de as instituições europeias terem
“exortado os Governos dos Estados-membros a dedicarem-lhe uma parte dos
apoios comunitários, propondo a integração do setor no pacote de medidas
extraordinárias e incentivos para mitigar o impacto da crise”.“Face
ao exposto, os abaixo assinados, em nome do Movimento Associativo
Desportivo e perante a evidente desconsideração pelas propostas de um
setor com uma imprescindível função educativa, de saúde pública e
desenvolvimento socioeconómico - nomeadamente num contexto de crise
sanitária –, apelam a V. Exª para que, no âmbito da ação governativa, se
equacionem medidas e construam políticas que ajudem o Desporto nacional
a enfrentar a grave situação que temos perante nós”, remata a missiva.No
mesmo documento, COP, CPP e CDP admitem que o desporto “tem sido um dos
setores mais vulneráveis ao impacto económico, social e sanitário da
covid-19, por força das restrições impostas que inibem ou impossibilitam
a prática de atividade física e desportiva, traduzidas em relevantes
prejuízos para a sua sustentabilidade”.Apesar
da “resiliência na adaptação a um novo contexto”, os signatários
lamentam a ausência de respostas, mesmo depois de o movimento
associativo desportivo ter apresentado uma moção estratégica ao Governo e
à Assembleia da República propondo “um pacote de medidas urgentes sobre
a retoma das atividades desportivas em segurança, das quais se realça o
apoio extraordinário à viabilidade das organizações desportivas, em
especial as de base, como os clubes, mas também a alteração de regimes
jurídicos diversos relacionados com o desporto, como o fiscal ou o do
dirigente associativo”.“A crise pandémica
requeria para o desporto uma resposta sanitária. E essa tem sido
definida e está a ser cumprida”, assinala o movimento associativo,
assinalando ainda que se “verifica por parte de diversas autoridades
sanitárias locais uma aplicação divergente, muitas vezes contraditória e
incoerente das orientações de saúde pública para a realização de
competições desportivas, apesar dos exigentes protocolos sanitários
implementados pelas organizações desportivas previamente validados junto
do Governo, agudizando assim a imprevisibilidade e falta de confiança
para uma retoma em segurança”.