Despesa fiscal com IRS aumentou 72,1% em 2018 face a 2015
17 de mai. de 2019, 19:52
— Lusa/AO online
Segundo
o Relatório da Despesa Fiscal de 2018, hoje divulgado no Portal do
Governo, o valor global de benefícios fiscais concedidos pelo Estado em
2018 totalizou 13.117 milhões de euros o que equivale a 6,6% do PIB e
representa uma subida de 2.393 milhões de euros face a 2015.O
documento mostra que o IVA é o imposto em que valor dos benefícios
fiscais concedidos aos contribuintes é mais elevado, mas também mostra
que foi no IRS que se observou o maior crescimento relativamente aos
anos anteriores.No caso do IVA, a despesa
fiscal – entre taxas preferências e isenções tributárias – ascendeu a
7.925,2 milhões de euros, valor inferior em 0,7% face aos 7.984,2
milhões de euros contabilizados em 2017, mas que supera em mais de 1,7
mil milhões de euros o valor de 2015.No
IRS, o conjunto das deduções, taxas preferenciais e isenções existentes
resultaram numa despesa fiscal que em 2018 ascendeu a 1.225 mil milhões
de euros, mais 13,4% do que no ano anterior e de mais 72,1% (513 milhões
de euros) do que em 2015.“Este acréscimo,
de cerca de 513 milhões de euros no período considerado [2015-2018]
deve-se fundamentalmente à despesa fiscal resultante de aplicação de
taxas preferenciais, que se estima em aproximadamente 703 milhões de
euros [em 2018], bem como do aumento significativo do número de
contribuintes abrangidos pelo regime de tributação dos residentes não
habituais”, refere o documento.O regime do
Residente Não Habitual (RNH) em vigor prevê a aplicação de uma taxa de
IRS de 20% aos rendimentos de trabalho contemplados numa lista de
profissões de elevado valor acrescentado e a isenção de IRS aos
reformados com pensões pagas por um país estrangeiro.Este
regime foi criado em 2009, sendo a sua filosofia idêntica à de outros
regimes similares existentes noutros países da União Europeia.Ainda
no âmbito do IRS, a despesa fiscal por via das deduções à coleta subiu
de 332 milhões de euros em 2015 para 407 milhões de euros no ano
passado, referindo o relatório que o aumento “advém, essencialmente do
crescimento do número de pessoas que detém um grau de deficiência igual
ou superior a 60%” e do aumento do número de faturas com o NIF do
consumidor final que são comunicadas à Autoridade Tributária e Aduaneira
(AT).No ranking dos impostos com despesa
fiscal mais elevada seguem-se o IRC (1.117,7 milhões de euros em 2018), o
Imposto do Selo (945,3 milhões de euros), o Imposto sobre os Produtos
Petrolíferos (485,2 milhões de euros) e o IMI (482,1 milhões de euros).No
caso do Imposto Municipal sobre os Imóveis (IMI), o valor de despesa
fiscal estimado para 2018 supera o de 2017 (442,9 milhões de euros), mas
é inferior aos verificado em 2015, ano em que foi de 514,4 milhões de
euros.De acordo com o Relatório (que está
datado de outubro de 2018) “o decréscimo de 32 milhões de euros no
período em causa [2015-2018] deve-se fundamentalmente à redução das
isenções tributárias resultantes da extinção de benefícios fiscais
temporários relativos ao processo de avaliação geral de prédios urbanos
conduzido entre 2012 e 2013, bem como das sucessivas alterações na
estimativa normativa dos benefícios fiscais”.Recorde-se
que na sequência daquele processo de avaliação geral dos imóveis foi
criada uma cláusula de salvaguarda que evitava que o valor do IMI a
pagar pelos contribuintes fosse além de um determinado valor de um ano
para outro.