Desperdício alimentar no retalho pode ser reduzido em 1/3
26 de jun. de 2020, 15:42
— Lusa/AO online
O
documento inclui o relatório “Uma receita para reduzir a perda e o
desperdício de alimentos”, onde são propostas cinco medidas para reduzir
as perdas ao longo da cadeia de distribuição, que, se aplicadas, podem
levar à redução de um terço do desperdício.De
acordo com o estudo, estima-se que todos os anos sejam desperdiçados
cerca de um terço de todos os alimentos produzidos, o que “representa
1,6 mil milhões de toneladas de alimentos a nível global e mais de 1
milhão em Portugal, com elevados custos a nível ambiental e social”.Este
estudo, que envolveu cerca de 120 fornecedores da Sonae, identificou as
50 melhores práticas já adotadas ou em estudo em outros países.Assim,
concluiu-se que a aplicação das medidas propostas levaria a que fossem
desperdiçadas menos 12 mil toneladas de alimentos por ano na cadeira de
abastecimento da Sonae.Isto representaria
também a geração de um valor de 10 milhões de euros por ano, entre
poupanças e novas oportunidades de negócio, para os vários participantes
na cadeia de abastecimento.Se aplicadas a todo o setor, as medidas podem levar à redução de 50 mil toneladas de desperdício alimentar todos os anos.O
estudo verificou que cerca de 40% do desperdício se deve à rejeição de
frutas e vegetais que não cumprem com os requisitos estéticos e de
tamanhos ou calibres definidos.Desta
forma, uma das medidas sustentáveis propõe que se reveja estes
requisitos, tornando mais amplo o leque de produtos considerados
aceitáveis, promovendo até a exploração de outros nichos de mercado,
como, por exemplo, as “maçãs bebés” para crianças.Outra
conclusão do documento foi que uma parte significativa dos alimentos
nunca chegam ao consumidor final pelo seu caráter altamente perecível.Neste
caso, uma das soluções passa por criar unidades de desidratação para
reaproveitar estes alimentos que podem ser consumidos secos.Outras
medidas são a promoção do aumento das doações, a criação de um
‘marketplace’ onde os produtores podem mostrar os alimentos perecíveis
que têm disponíveis e que, passado o ponto de utilização, podem ser
usados para sumos, corantes naturais ou outros produtos processados e
a campanha “Demasiado Bom Para Desperdiçar”, que visa incentivar os
consumidores a uma mudança de comportamento, procurando, por exemplo,
peças soltas, sobre as quais habitualmente não recai a escolha.“O
estudo conjunto que fizemos com a Sonae e com o WBCSD [sigla inglesa
para Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento
Sustentável] prova que a adoção de práticas sustentáveis de redução do
desperdício alimentar ao longo da cadeia de abastecimento do retalho são
‘win-win’, beneficiando tanto a população em geral, por um acesso
gratuito ou a preços reduzidos a alimentos bons e perfeitamente
adequados ao consumo em plenas condições de segurança e qualidade, como
os próprios participantes na cadeia de valor”, refere, em comunicado, o
‘managing director & senior partner’ da BCG Lisboa e coautor do
estudo, Miguel Abecassis.