Despedimentos na Cofaco são “rude golpe” na economia do Pico

10 de jan. de 2018, 18:56 — Lusa/AO online

"Isto é um rude golpe não apenas para o concelho da Madalena, mas para toda a ilha do Pico", lamentou o autarca social-democrata José António Soares, em declarações à agência Lusa após reuniões realizadas entre o município, a administração da Cofaco e o Governo Regional dos Açores.Na terça-feira, a conserveira anunciou aos cerca de 180 trabalhadores a intenção de despedi-los.Segundo José António Soares, não são apenas estes trabalhadores que estão em causa, mas também os respetivos agregados familiares."Estamos a falar de um número enorme de pessoas que dependem desta empresa", lembrou o autarca, recordando que, em alguns agregados familiares, existem mesmo duas e três pessoas que vivem exclusivamente da conserveira.O presidente da Câmara Municipal da Madalena, concelho onde está instalada a unidade fabril, disse ter, no entanto, a "expectativa" de que a conserveira venha a construir uma nova fábrica no concelho, como efetivamente prometeu, dentro de aproximadamente dois anos."Não sabemos, no entanto, se estas pessoas que agora serão despedidas vão voltar ou não a trabalhar na Cofaco", advertiu José António Soares, que não esconde a "consternação" e a "preocupação" que este despedimento coletivo está a gerar no concelho.O autarca social-democrata recordou também que a Cofaco, que está implantada no Pico desde 1962, tem uma longa "ligação de proximidade" com as gentes da Madalena, tendo desempenhado, durante muitos anos, um "importante papel económico, social e mesmo cultural"."Na década de 1970, os bailes e as iniciativas recreativas na Madalena eram feitos no salão da fábrica da Cofaco", recordou o presidente do município, que espera agora que os responsáveis pela conserveira não abandonem o concelho e a ilha.Segundo o autarca, a administração da Cofaco pretende construir uma nova unidade fabril, cujo projeto já está em apreciação pela Direção Regional das Pescas, e deixou o compromisso de apreciar o processo com "a maior celeridade possível", quando este der entrada na Câmara Municipal da Madalena.De acordo com Sérgio Gonçalves, representante do Sindicato de Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços dos Açores, o conselho de administração reuniu-se com os cerca de 180 trabalhadores da fábrica para os informar de que todos seriam despedidos com direito a "indemnização e fundo de desemprego", deixando a Cofaco de laborar naquela ilha até à construção de uma nova fábrica."Serão pagas as indemnizações e vamos todos para casa com uma promessa verbal de que quando a obra estiver concluída, entre 18 meses e dois anos, nos chamariam de novo para vir trabalhar. Ficamos na expetativa. Como o ditado diz, ‘palavras, leva-as o vento’, mas vamos esperar que estas o vento não leve", disse na terça-feira Sérgio Gonçalves.Os trabalhadores da Cofaco na unidade de Rabo de Peixe (concelho da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel) admitem fazer greve em solidariedade para com os colegas.