Desinformação mais detetada pelos portugueses é sobre política
17 de jun. de 2024, 11:27
— Lusa
O
Reuters Digital News Report 2024 (Reuters DNR 2024) é o 13.º relatório
anual do Reuters Institute for the Study of Journalism (RISJ) e o 10.º a
contar com informação sobre Portugal. Em 2024 participaram 47 mercados
de notícias, Portugal incluído.Enquanto
parceiro estratégico, o OberCom – Observatório da Comunicação colaborou
com o RISJ na conceção do questionário para Portugal, bem como na
análise e interpretação final dos dados."Em
Portugal, o tema sobre o qual os respondentes dizem ter encontrado mais
desinformação é a política (28%), à semelhança do que acontece também a
nível global, sendo de assinalar que, apesar da maior preocupação com a
desinformação, os portugueses declaram em menor grau do que os
restantes respondentes deparar-se com desinformação sobre qualquer um
dos tópicos explorados", lê-se no estudo.Portugal é dos países onde os cidadãos estão mais preocupados com o que é real e falso na Internet (72%). "A
nível global, no conjunto dos 47 países agora estudados, 59%, dos mais
de 90 mil respondentes, dizem-se preocupados com o que é real e falso
'online' (mais três pontos percentuais do que em 2023)". Em
Portugal, "esta preocupação aumenta com a idade, escolaridade,
rendimento e é também maior entre os que têm uma orientação política
declarada", acrescenta."De salientar que a
proporção de respondentes que afirmam ter-se deparado com conteúdos
informativos falsos ou imprecisos sobre qualquer um dos temas com que
foram confrontados aumentou a nível nacional e global, não sendo um
fenómeno exclusivo" de Portugal, refere o estudo."Quando
questionados sobre a facilidade que têm em distinguir entre
notícias/informação fiável e não fiável em diferentes plataformas
digitais, o motor de busca da Google é visto de forma mais positiva e o X
(antigo Twitter) como a plataforma onde é mais difícil distinguir entre
informação fiável e não fiável", aponta.Em
Portugal, a percentagem de inquiridos a afirmar confiar nas notícias em
geral diminuiu cerca de dois pontos percentuais este ano (58% para
56%), mas "mantém-se entre os que dizem confiar nas notícias que
consomem (58%)".Entre 2015 e 2024
"registou-se uma quebra de 10 pontos percentuais na confiança em
notícias em geral e de 13 pontos percentuais nas notícias consumidas",
refere o estudo."A transparência dos media
é considerada por 78% dos portugueses como 'Muito' ou 'Algo' importante
para a definição da sua confiança em notícias (79%), seguindo da
representação de pessoas como si de forma justa (75%), enquanto 74%
atribuem a confiança em notícias ao facto de os media noticiosos terem
padrões jornalísticos elevados".A televisão continua a ser mais preponderante entre os mais velhos e a Internet nos mais jovens, em Portugal.De
acordo com os dados, a televisão continua a ser o meio de comunicação
social para acesso a notícias por 67% dos portugueses e 53% (mais dois
pontos percentuais face a 2023) dizem tê-la como principal fonte de
notícias."No entanto, a idade é aqui um
fator determinante, pois enquanto apenas 31% dos jovens entre os 18 e os
24 anos de idade fazem da televisão a sua principal fonte de noticias
face a 68% dos portugueses com 65 e mais anos, se falarmos da Internet o
resultado inverte-se e temos 58% dos jovens entre os 18 e os 24 a
afirmar terem a internet como principal fonte e informação, enquanto
apenas 21% dos respondentes com mais de 65 anos o afirmam", segundo o
relatório.O inquérito foi realizado em 47
mercados: Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Itália,
Espanha, Portugal, Irlanda, Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca,
Bélgica, Países Baixos, Suíça, Áustria, Hungria, Eslováquia, República
Checa, Polónia, Croácia, Roménia, Bulgária, Grécia, Turquia, Coreia do
Sul, Japão, Hong Kong, Índia, Indonésia, Malásia, Filipinas, Taiwan,
Tailândia, Singapura, Austrália, Canadá, Brasil, Argentina, Colômbia,
Chile, Peru, México, Marrocos, Nigéria, Quénia e África do Sul. O trabalho de campo foi realizado no final de janeiro/início de fevereiro.