Descontaminação de oleoduto da base das Lajes arranca em junho ou julho
10 de mai. de 2023, 15:46
— Lusa
“Vai iniciar-se já em junho ou
julho, dependendo do atraso do empreiteiro, o processo de
descontaminação do ‘pipeline’ [oleoduto]”, avançou, em declarações à
Lusa, o vice-presidente do executivo açoriano, Artur Lima.O
governante participou na 49.ª reunião da Comissão Bilateral Permanente
entre Portugal e os Estados Unidos da América, que decorreu na
terça-feira em Washington D.C., nos EUA, onde obteve garantias da parte
norte-americana de que a descontaminação iria avançar nos próximos
meses.Em causa está a contaminação de
solos e aquíferos na Praia da Vitória, na ilha Terceira, provocada pelo
armazenamento e manuseamento de combustíveis e outros poluentes pela
Força Aérea norte-americana na base das Lajes.Identificada
em 2005 pelos próprios norte-americanos, a contaminação foi confirmada,
em 2009, pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), que
monitoriza desde 2012 o processo de descontaminação.Segundo
Artur Lima, o processo de descontaminação do oleoduto, um dos locais
onde foi detetada contaminação, estava suspenso desde 2018, mas já na
reunião anterior da bilateral os Estados Unidos se tinham comprometido a
retomá-lo.“É um primeiro passo que se vai
dar no processo de descontaminação, que estava suspenso há já alguns
anos e que tinha começado timidamente”, frisou.O
governante disse que os EUA manifestaram vontade de “continuar o
processo”, estando previstas posteriormente outras intervenções nos
locais “mais perigosos”.“Ao fim de 11 anos
de luta, estamos no bom caminho. Finalmente aceitaram a contaminação,
aceitaram descontaminar e sobretudo pagar essa descontaminação”,
salientou.A próxima reunião da Comissão
Bilateral Permanente, que deverá decorrer em novembro de 2023, terá
lugar na ilha Terceira e Artur Lima disse esperar que os participantes
possam “visitar os trabalhos de descontaminação e avaliar como correm”.O vice-presidente do executivo açoriano destacou ainda “avanços significativos” nas questões laborais na base das Lajes.Em
2022, as forças norte-americanas destacadas nas Lajes corrigiram a
tabela salarial dos trabalhadores civis portugueses, para que em nenhum
escalão fosse auferido menos do que o salário mínimo regional (mais 5%
do que o nacional).A situação gerou, no
entanto, injustiças nos escalões seguintes, por isso o executivo
açoriano apelou a uma nova revisão das tabelas salariais.“Fez-se
justiça num lado e criou-se uma injustiça do outro. Passaram a existir
trabalhadores que, com mais tempo de serviço, ganhavam pouco mais do que
aqueles que tinham entrado”, explicou Artur Lima.Segundo
o governante, os norte-americanos “perceberam a injustiça” que foi
criada “inadvertidamente” e aceitaram iniciar um processo negocial com a
parte portuguesa, para corrigir a grelha salarial.Foi
ainda aprovada nesta reunião a reativação do comité de cooperação com
os Açores, que estava “suspenso há anos” e que vai permitir à região
“cooperar estreitamente com entidades americanas”.