Descoberto novo dinossauro que viveu em Portugal há quase 150 milhões de anos
2 de abr. de 2025, 21:55
— Lusa
Num comunicado, o
estabelecimento de ensino superior adianta que o trabalho contou com a
colaboração de cientistas da Universidad Nacional de Educación a
Distancia (UNED), em Espanha, e que a “notável descoberta constitui um
avanço significativo no conhecimento sobre a diversidade da fauna de
dinossauros presente na parte final do Jurássico”. “Foi
uma surpresa”, confessou Filippo Maria Rotatori, do GEOBIOTEC
(GeoBiociências, Geotecnologias e Geoengenharias), centro de
investigação da Nova FCT e autor principal do estudo.“Acreditávamos
que a diversidade deste grupo de dinossauros já estava bem documentada
no Jurássico Superior de Portugal e esta descoberta demonstra que ainda
há muito a aprender e que ainda podem surgir descobertas emocionantes
num futuro próximo. Infelizmente, devido ao pouco material recuperado,
ainda não podemos atribuir um nome científico formal a esta espécie”,
adiantou, citado no comunicado.O estudo
permitiu identificar um exemplar, o SHN.JJS.015, depositado na Sociedade
de História Natural de Torres Vedras, como um dinossauro herbívoro do
grupo dos iguanodontianos, que também se destaca pelas suas dimensões,
tendo um exame detalhado confirmado que “não corresponde a nenhuma
espécie previamente identificada”.“Era um peso pesado”, salientou Fernando Escaso, outro dos autores principais e professor na UNED. “Quando
estimámos o seu tamanho e massa corporal, descobrimos que este novo
dinossauro era significativamente mais corpulento do que outras espécies
de iguanodontianos, como Draconyx ou Eousdryosaurus, com as quais muito
provavelmente partilhou o ecossistema”. Bruno
Camilo, doutorando no Instituto Superior Técnico da Universidade de
Lisboa e diretor do Ci2Paleo da Sociedade de História Natural de Torres
Vedras, assinalou tratar-se da primeira vez que são encontrados
“diferentes grupos etários deste tipo de dinossauro em Portugal, o que
abre novas possibilidades de investigação". Além
do referido exemplar, foram descobertos outros vestígios fósseis,
incluindo fémures isolados de menor tamanho, “o que sugere que estes
dinossauros eram relativamente comuns em Portugal durante o Jurássico
Superior”, explicou.A descoberta também
reforça a importância da Europa na história evolutiva e migratória dos
dinossauros, assinalando o investigador Filippo Bertozzo, do Royal
Belgian Institute of Natural Sciences, que o animal agora conhecido
“apresenta muitas semelhanças com outras espécies de iguanodontianos
encontradas na América do Norte e noutras partes da Europa”.“Durante
o Jurássico, a Península Ibérica provavelmente desempenhou um papel
crucial nas trocas faunísticas entre continentes. Ainda estamos a
trabalhar para compreender como estes processos se desenvolveram”.“Esta
investigação foi possível graças à colaboração de várias instituições
europeias e organizações locais dedicadas à preservação do património
geológico e paleontológico de Portugal”, referiu Miguel Moreno-Azanza,
da Universidade de Zaragoza, em Espanha. Além
da Nova FCT e da UNED, participaram no estudo, publicado na revista
científica Journal of Systematic Palaeontology, instituições de
investigação portuguesas, como a Sociedade de História Natural de Torres
Vedras e o Museu da Lourinhã, que albergam o material estudado, e a
Universidade de Lisboa.