Descoberta rede gigante de anéis em torno de planeta exterior ao sistema solar
Astrónomos descobriram um conjunto gigante de anéis em torno de um planeta exterior ao sistema solar, 200 vezes maior que aquele que orbita em volta do planeta Saturno.

Autor: Lusa/AO online

Exoring model for J1407b from Matthew Kenworthy on Vimeo.

“É a primeira vez que alguém vê um sistema gigante de anéis como este fora do sistema solar”, disse numa entrevista à agência de notícias francesa, AFP, o astrónomo Matthew Kenworthy, do observatório de Leiden, na Holanda, que realizou este estudo com Eric Mamajek, da universidade de Rochester, nos Estados Unidos.

O planeta, batizado J1407b e situado a 420 milhões de anos-luz da Terra, está rodeado por cerca de 30 anéis “tão grandes que se Saturno tivesse uns dessas dimensões, poderíamos vê-los a olho nu a partir da Terra, cinco a dez vezes maiores que a lua cheia”, explicou Kenworthy.

Este planeta, invisível a partir da Terra, é presumivelmente muito quente (entre 1.000 e 2.000 graus Celsius), o que leva os astrónomos a pensar que os seus anéis são feitos de poeira, ao contrário dos de Saturno, feitos de gelo.

Os investigadores utilizaram dados do projeto SuperWASP, que recolheu informações sobre a observação das estrelas durante dez anos para chegar a esta conclusão.

A análise da curva de luz captada a partir da Terra durante eclipses permite determinar a estrutura de objetos astrofísicos desconhecidos situados além do sistema solar.

Ao observar uma estrela já conhecida durante um eclipse, os investigadores descobriram que o eclipse tinha durado 56 dias, entrecortados por alterações bruscas e irregulares de intensidade luminosa.

“A explicação mais credível para essas alterações da luz é que um planeta em órbita em torno da estrela possui um sistema de anéis gigantes em órbita dele próprio”, segundo os investigadores.

“Esses anéis foram detetados porque passaram em frente à estrela no momento do eclipse, da mesma forma que a lua passa à frente do nosso sol durante um eclipse solar”, precisaram.

“Agora que sabemos o que procurar, podemos remontar, através dos dados recolhidos, aos últimos 30 ou 40 anos” para encontrar outros planetas rodeados de anéis, disse Kenworthy, acrescentando que “espera encontrar muitos mais”.