Descentralização de competências será "dossiê duro" para municípios dos Açores
13 de out. de 2017, 15:05
— Lusa/AO online
"Este dossiê é, sem dúvida, o
principal dos próximos tempos, vai ser um dossiê duro", afirmou Roberto
Monteiro, que deixa também este mês a presidência do município da Praia
da Vitória, na ilha Terceira. Numa conferência de imprensa para
balanço de mandato do atual conselho de administração da Associação de
Municípios da Região Autónoma dos Açores
(AMRAA), em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, Roberto Monteiro
explicou que, "no continente estas competências e os respetivos meios
financeiros vão passar diretamente do Governo da República para os
municípios". "No caso das regiões autónomas, estas competências
vêm primeiro para o Governo Regional e será por via da Assembleia
Legislativa Regional que se encontrará um modelo", explicou. O
presidente da AMRAA, que voltou a alertar para as desigualdades entre as
autarquias do continente e dos arquipélagos decorrentes da
descentralização de competências, sublinhou que este processo vai exigir
da associaçao uma postura cooperante. "Se este processo não for
bem trabalhado na perfectiva de defesa do poder local, dentro de dois a
três anos temos dois tipos de câmaras no país claramente, as do
continente, com um determinado conjunto de competências, e as das
regiões autónomas que, por terem muito menos competências" poderão ter
muito menos recursos, sustentou Roberto Monteiro. O autarca, que
vai assumir o lugar de deputado no parlamento regional, considerou que
outro dos desafios dos municípios está relacionado com a nova Lei de
Finanças Locais, acrescentando que entregou um memorando ao Presidente
da República quando este visitou os Açores, um documento que também já foi entregue ao primeiro-ministro com as propostas dos municípios do arquipélago. Quanto
ao próximo Quadro Comunitário de Apoio, Roberto Monteiro defendeu a
necessidade de serem encontradas soluções de financiamento para garantir
o investimento na manutenção e conservação das estradas municipais. O
dirigente reiterou que permanece uma dívida de cerca de 12 milhões de
euros de IRS (Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Singulares) para
com os municípios dos Açores. "Tem
havido boa vontade por parte do Governo da República" considerou, mas
um acórdão do Tribunal Constitucional "impede a resolução desta
situação", referiu, preconizando a necessidade de haver "capacidade para
resolver juridicamente a questão, encontrando uma solução alternativa
ao próprio acórdão". Na conferência de imprensa, onde disse estar
a prestar contas do mandato, Roberto Monteiro adiantou que quando a
atual administração da AMRAA tomou posse "tinha dívidas superiores a 200
mil euros", mas conseguiu "abater o passivo" e deixar "em conta mais de
350 mil euros".