Deputados querem conceito de “pagamento justo” à produção de leite através do PT 2030
11 de abr. de 2019, 09:54
— Lusa/AO Online
Esta é uma
das oito medidas inseridas na proposta de intervenção presente no
relatório do Grupo de Trabalho do Setor Leiteiro, a que a Lusa teve
acesso, que vai ser votado no parlamento. Em
causa, está o facto de os produtores de leite portugueses terem
recebido menos 421,5 milhões de euros do que a média dos países da União
Europeia (UE), entre 2010 e 2018. Por
ano, os produtores portugueses receberam assim menos 61,5 milhões de
euros do que a média dos restantes operadores da União Europeia.Na
proposta do grupo de trabalho inclui-se ainda a coordenação de uma
campanha de informação “que alerte para os benefícios do consumo do
leite” e derivados, a clarificação da distinção entre o produto leite e
outras bebidas, uma ação junto da distribuição, “assegurando uma correta
informação ao consumidor, para os produtos lácteos”, bem como a
promoção de mecanismos facilitadores da livre concorrência do longo de
toda a cadeia de valor. “Face à tendência
de crescimento para o consumo de bebidas ditas alternativas ao leite,
todo o elemento da cadeia de valor não deve descurar esta realidade,
devendo por isso mesmo, procurar desenvolver e articular estratégias que
procurem incentivar o consumo de leite, nas suas mais diversas formas”,
lê-se no documento. Adicionalmente, é
também proposto o desenvolvimento de ações com “objetivos claros e
imediatos” para o aumento da produtividade e desenvolvimento de produtos
inovadores, “procurando envolver os ‘clusters’ agroalimentares e
agroindustriais existentes”. Entre as
principais conclusões do grupo de trabalho encontra-se a defesa de que o
leite é um “produto que reúne características nutricionais únicas, não
sendo conhecido qualquer outro produto que o possa substituir”. As
bebidas “ditas ‘substitutas' do leite são formulações com extratos de
leguminosas, sementes oleaginosas, cereais ou pseudocereais diluídos em
água e que apresentam um aspeto que tenta, na sua aparência,
assemelhar-se ao leite da vaca. Nutricionalmente, as bebidas vegetais e o
leite de vaca não são comparáveis ou equivalentes”, salienta o
documento. Já relativamente à cadeia de
valor, o grupo conclui que as dificuldades comerciais que o setor
atravessa devem-se, sobretudo, à diferença entre o preço do leite pago
aos produtores portugueses e à média europeia, à concentração do mercado
e à permanência do leite “sempre ou quase sempre” em promoção. Os
deputados apontam que o preço ao consumidor apresenta, “aparentemente”,
valores inferiores ao do custo e ainda a “utilização indevida” da
designação leite por produtos de origem vegetal, “apresentados ao
consumidor sob a designação de ‘lete/leche/lait/milk’”. O
Grupo de Trabalho do Setor Leiteiro foi criado em 2017, com a aprovação
do PSD, PS, BE, PCP e PAN, sendo que o PEV esteve ausente da reunião em
que ocorreu a votação. Para analisar a
situação do setor do leite os deputados decidiram ouvir as principais
entidades ligadas às áreas da produção, indústria, comércio,
fiscalização, regulação, consumo e saúde, de que são exemplo a
Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP), a Lactogal, a
Federação Agrícola dos Açores, a Associação Portuguesa de Empresas de
Distribuição (APED), a Associação dos Produtores de Leite de Portugal
(APROLEP), a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), a
Autoridade da Concorrência (AdC) e a Autoridade para a Segurança
Económica e Alimentar (ASAE).Foram visitadas empresas do setor leiteiro, cooperativas e explorações agrícolas, entre outras.