Deputados esperam que alterações ao Regimento da AR sejam votadas em plenário dia 27
12 de out. de 2022, 15:29
— Lusa/AO Online
Estas informações foram
transmitidas à agência Lusa pelo deputado do PS Pedro Delgado Alves,
após uma reunião do grupo de trabalho de alteração ao Regimento da
Assembleia da República, ao qual preside. Nesta
reunião, ficou também decidido que os deputados deste grupo de trabalho
se irão reunir esta sexta-feira, às 09h30 (menos uma nos Açores), para uma última discussão
sobre o conteúdo do texto regimental. Na
semana a seguir, os deputados irão começar a votar as alterações ao
Regimento, em reuniões que deverão ocorrer a 19 e a 23 de outubro.O
objetivo é que o novo Regimento da Assembleia da República possa ser
votado em plenário antes da suspensão dos trabalhos das comissões
parlamentares, que vigorará durante a discussão na especialidade da
proposta de Orçamento do Estado para 2023. A
votação do novo Regimento a 27 de outubro – data em que também será
votada, na generalidade, a proposta de Orçamento do Estado para 2023
(OE2023) –, permitiria cumprir essa meta, uma vez que será o último
plenário em que poderão ser votadas outras matérias além das orçamentais
até à votação final global do OE2023, agendada para 25 de novembro.Na
reunião de hoje, a deputada do PCP Alma Rivera abordou uma proposta que
consta no texto de substituição consensualizado entre os deputados, em
que se propõe que os grupos parlamentares de amizade só possam ser
constituídos com países que disponham de “instituições parlamentares
plurais”.Depois de ter questionado quem é
que irá definir o que é “plural”, Alma Rivera considerou também que esta
formulação “fecha a abrangência dos grupos de amizade”, uma vez que a
versão inicial do texto previa que o único requisito para a sua
constituição fosse apenas que os países dispusessem de “instituições
parlamentares”.A deputada comunista
questionou, por exemplo, se, com a nova formulação, os grupos
parlamentares de amizade com a China e com a Arábia Saudita – que
existem na atual legislatura – seriam extintos. Na
resposta, Pedro Delgado Alves considerou que a introdução da palavra
“plural” não seria uma “restrição assim tão intensa quanto isso”,
sublinhando que isso significaria que seriam estabelecidas relações com
países em cujas assembleias “estão representadas mais do que uma força
política”.“A Assembleia Nacional Popular
da China é uma assembleia parlamentar plural, porque não está
representado apenas o Partido Comunista Chinês (PCC)”, exemplificou,
antes de referir que a atual lista de grupos de amizade foi constituída
com base “na ótica do consenso que se construiu na Comissão dos Negócios
Estrangeiros”.“É uma questão de poder
também pedir esses elementos detalhados e revisitar as atas da Comissão
dos Negócios Estrangeiros antes de tomar uma posição muito radical sobre
o tema”, disse Pedro Delgado Alves, remetendo a discussão sobre a
matéria para a reunião de sexta-feira.Este
processo de revisão do Regimento tem como ponto central a revisão dos
modelos de debates parlamentares com o primeiro-ministro, com propostas
de todas as bancadas, a maioria para repor as discussões quinzenais que
terminaram em 2020 por acordo entre PS e PSD.À
exceção de PS e PCP, todos os restantes partidos, incluindo o PSD,
apresentam propostas de reposição dos debates quinzenais com o
primeiro-ministro.No atual modelo, os
debates com o Governo realizam-se mensalmente e o primeiro-ministro só
tem obrigação de comparecer perante os deputados uma vez a cada dois
meses.No seu diploma, o PS propõe a
realização de debates mensais com o primeiro-ministro, tal como
acontecia entre 1996 e 2007, e que o Governo esteja presente
quinzenalmente no plenário da Assembleia da República.Os
socialistas pretendem também acabar com o atual modelo de
pergunta-resposta nos debates com o primeiro-ministro, estabelecendo que
"no final do tempo de intervenção de cada partido segue-se, de
imediato, a resposta do Governo", uma alteração que o PSD contesta.O
PCP pretende que o primeiro-ministro compareça para debate em plenário
uma vez por mês e cada ministro pelo menos uma vez por sessão
legislativa, mas já anunciou que “votará favoravelmente as propostas de
reposição dos debates quinzenais com o primeiro-ministro”.