Deputados do PS que são professores "deviam ter vergonha na cara”
6 de out. de 2023, 10:26
— Lusa/AO Online
“É lamentável que alguns colegas
nossos, que são deputados do Partido Socialista (PS), tenham conseguido
votar contra os seus colegas, esquecendo-se que se estivessem nas
escolas, era o salário dos colegas que eles tinham”, referiu.O
PS chumbou na quarta-feira, no parlamento, todas as iniciativas
legislativas que propunham a recuperação faseada do tempo de serviço de
professores, uma das principais reivindicações dos docentes.“Pensarem
que desta forma, absolutamente vergonhosa, vão conseguir continuar a
ser alimentados por um aparelho que os mantém como deputados, deviam ter
vergonha na cara esses professores que são deputados desse partido”,
acrescentou à entrada do Centro Escolar Norton de Matos, em Coimbra, em
dia de greve nacional de professores e educadores.No
seu entender, a luta que os professores estão a travar não é uma luta
apenas dos professores, mas também “dos portugueses e das famílias”.“Esta
posição irredutível do Governo, do Partido Socialista e do doutor
António Costa tem consequências tremendas, terríveis na falta de
professores. Ainda ontem [quinta-feira] nos diziam que nos Açores já são
psicólogos, já são outros profissionais a dar aulas no 1.º ciclo, que é
um setor que não tem habilitação própria”, lamentou.Aos
jornalistas disse também que a Fenprof soube, através de diretores de
escolas, que “há pessoas com o 11.ºano, sem qualquer tipo de
habilitação, a apresentar candidaturas às escolas para poderem dar
aulas”.“Não podem, para já. Mas uma das
soluções que parece que está a ser encontrada pelo Governo para resolver
a falta de professores é, precisamente, o cada vez mais, recorrer a
diplomados que não são professores, é baixar a formação para professores
quando nós temos uma das formações mais elevadas até a nível mundial”,
apontou.O dirigente da Fenprof destacou
ainda que este é o primeiro “grande dia de luta deste ano” letivo
2023/2024, no entanto, acredita que “infelizmente não vai ser o último”.No
próximo dia 10 será conhecida a proposta de Orçamento do Estado,
seguindo-se uma reunião interna da direção estrutura sindical e depois
do dia 13 com outros sindicatos, para analisar o documento.“Se
este Orçamento não contiver a primeira tranche de faseamento de
recuperação do tempo de serviço, não prever verbas para as escolas
poderem dar resposta a problemas que hoje têm, não for um orçamento que
aponta para uma verdadeira medida de combate à precariedade e não aquilo
que nós hoje temos, se for um orçamento de mais do mesmo, vamos
continuar com lutas. Veremos depois de que tipo”, avisou.