Deputados da Madeira querem a revogação da suspensão do subsídio de mobilidade
11 de jan. de 2022, 12:32
— Lusa/AO Online
Na sessão plenária, a
Assembleia Legislativa discutiu um projeto de proposta de lei à
Assembleia da República, da autoria do PSD, “pela revogação do
Decreto-Lei n.º 1393/XXII/2021 e a regulamentação urgente do novo
subsídio social de mobilidade”, tendo todos os partidos manifestado
concordância com a decisão.O Governo
chefiado pelo socialista António Costa aprovou no final de dezembro, em
Conselho de Ministros, um decreto-lei a suspender a vigência da Lei n.º
105/2019, de 06 de setembro, que alterou o modelo de atribuição do
subsídio social de mobilidade para as regiões autónomas, voltando assim a
vigorar o modelo anterior de atribuição destes subsídios (Decreto-Lei
n.º 134/2015, de 24 de julho).Na prática,
os madeirenses que se desloquem de avião entre a Madeira e o continente
ou os Açores continuam a ter de pagar a viagem por inteiro para depois
serem ressarcidos pelo Estado através do subsídio social de mobilidade
(SSM) - uma compensação que pretende promover a coesão territorial das
ilhas -, quando o novo modelo previa que pagassem apenas uma
comparticipação fixa, sendo o restante valor pago diretamente pelo
Estado às companhias.A lei agora suspensa
tinha sido apresentada ao parlamento nacional após aprovação pela
Assembleia Legislativa Regional da Madeira, em 2017, e foi aprovada pela
Assembleia da República em 19 de julho de 2019, mas nunca chegou a ser
regulamentada e a entrar em vigor.O
diploma fixava em 86 e 65 euros as tarifas aéreas pagas, respetivamente,
por residentes e estudantes madeirenses em viagens para o continente e
Açores, sendo o restante pago pelo Estado às companhias aéreas.Na apresentação da proposta de lei do PSD, o social-democrata Carlos
Rodrigues considerou que houve “má vontade socialista” em diversos
momentos.Criticou a demora de dois anos
entre a aprovação da lei na Assembleia Legislativa Regional e na
Assembleia da República, assim como o facto de não ter chegado a ser
regulamentada pelo Governo central, liderado pelo PS, depois de aprovada
em 2019. E, “não satisfeitos com a sua
vingança e com o mal que estavam a causar”, os ministros socialistas
aprovaram no final do ano passado um decreto-lei que suspendeu a lei de
2017, apontou Carlos Rodrigues, apelidando a decisão de “machadada
final”.Por seu turno, o deputado do CDS-PP
Lopes da Fonseca disse esperar que “este novo diploma volte a ser
aprovado na República”, sustentando que “é fundamental para que os
madeirenses possam viajar com um custo de passagem de 86 euros”.Pelo
PS, Sérgio Gonçalves sublinhou que o partido é favorável à aplicação da
lei de 2019 e afirmou não concordar com a decisão do Governo presidido
por António Costa, mas defendeu que o executivo regional, presidido pelo
social-democrata Miguel Albuquerque, é “o grande culpado desta
situação”.O eleito socialista recordou que
foi o Governo Regional que criou, em 2015, um limite de 400 euros para o
subsídio, um prazo de 60 dias para obter o reembolso e um ‘plafond’ de
11 milhões de euros que se revelou insuficiente, vincando que as
alterações propostas pretendem mitigar as falhas do modelo de 2015.O
JPP, através do deputado Paulo Alves, também manifestou concordância
com o documento dos sociais-democratas e considerou que a ação do
Governo da República foi de “falta de respeito” para com as deliberações
tomadas na Assembleia Legislativa da Madeira e na Assembleia da
República.Paulo Alves ressalvou, porém,
que a proposta de lei “é incoerente com a postura do próprio PSD”,
argumentando que muitas vezes o Governo Regional não acolhe as
reivindicações dos madeirenses e chumba propostas da oposição.Também
o deputado único do PCP, Ricardo Lume, defendeu que a decisão do
Conselho de Ministros “põe em causa o respeito pelas instituições
democráticas e pela vontade dos deputados” que aprovaram a proposta por
unanimidade tanto na Assembleia da República como na Assembleia
Legislativa.