Deputados da Madeira debateram proposta para resolver problema de reembolsos da Ryanair
12 de out. de 2022, 12:35
— Lusa/AO Online
“Urge resolver
esta situação, que está a lesar dezenas de cidadãos que, para circular
livremente no país, têm que passar por esta tormenta”, declarou o líder
parlamentar do Juntos Pelo Povo (JPP) no plenário do parlamento
madeirense, no Funchal.A proposta de lei
do JPP tem por objetivo alterar o decreto-lei n.º28/2022, de 24 de
março, estabelecendo um regime transitório para a atribuição do subsídio
social de mobilidade, no âmbito dos serviços aéreos e marítimos, entre o
continente e a Madeira e entre esta região e os Açores, clarificando
quais os documentos comprovativos da elegibilidade do beneficiário para
receber o respetivo reembolso.Élvio Sousa
apontou que a entidade responsável pelo pagamento, os CTT, “tem recusado
repor o subsídio de mobilidade por não constar na documentação da
Ryanair a denominação social e número de identificação fiscal da
companhia aérea”.A transportadora,
acrescentou, também “tem dificultado” no envio dos documentos,
ultrapassando muitas vezes o período estabelecido de 90 dias, “ficando
coartado o direito de reembolso” por parte dos beneficiários do
subsídio.Para ultrapassar este problema, o
JPP pretende que a legislação seja alterada, para estabelecer como
documentação exigível para atribuição do reembolso a “fatura e
fatura-recibo comprovativos de compra do bilhete, emissão de documentos
equiparados ou do registo de operações”.“Este
projeto altera o artigo 9.º do decreto lei para clarificar os
documentos comprovativos da elegibilidade do beneficiário, passando a
incluir os documentos equiparados em concordância com o Código do IVA”,
enfatizou.Élvio Sousa apontou que a Ryanair “recebe do erário público” e vai usufruir “do Estado cerca de três milhões de euros”.Segundo o deputado do JPP, esta pode ser “uma das soluções possíveis, pode ser morosa, mas pode resolver esta situação”.Pelo
PS, o maior partido da oposição no parlamento madeirense (ocupa 19 dos
47 lugares), Jacinto Serrão considerou que “faz sentido a alteração
proposta pelo JPP”, mas argumentou que “este modelo [subsídio social de
mobilidade] está cheio de problemas que precisam ser resolvidos com os
governos da República e Regional, mas este está mais interessado em
alimentar contenciosos”.O deputado único
do PCP, Ricardo Lume, apontou que foi suspenso na Assembleia da
República um diploma, aprovado por unanimidade no parlamento madeirense e
depois em S. Bento, que determinava que os residentes na Madeira
pagariam apenas 86 euros e os estudantes 65 euros pelas viagens aéreas.António
Lopes da Fonseca, do CDS, também criticou a postura do Governo da
República, que “suspendeu o diploma aprovado na Assembleia”,
perspetivando que esta iniciativa legislativa vai ser “engavetada pela
maioria absolutíssima do PS”.O deputado do
PSD Carlos Rodrigues sustentou que “esta proposta tem algumas questões
que podem suscitar dúvidas, mas não são impeditivas de proceder à
tentativa” de resolver a situação.Mas, no seu entender, “existem várias formas de tentar perceber o que está a acontecer” nesta matéria.O
parlamentar social-democrata lembrou que com as outras companhias
aéreas que estão a operar (TAP, Easyjet, Transavia e Sata) “não existem
problemas”, acrescentando que “interessa saber o que leva a que a
Ryanair não consiga cumprir os requisitos” e da entidade que processa os
pagamentos “as razões por não proceder aos reembolsos”.Carlos
Rodrigues salientou que o JPP requereu uma “bateria de audições” em
sede de comissão parlamentar para esclarecer este problema, que
considerou ser “o caminho mais correto”, para não ser aprovado um
diploma “que é um nado-morto”.Esta proposta vai ser votada no plenário de quinta-feira.