Deputados açorianos propõem comissão de inquérito sobre Agendas Mobilizadoras
PRR
20 de out. de 2021, 15:45
— Lusa/AO Online
A
informação foi adiantada à agência Lusa por fontes ligadas à proposta de
resolução, já entregue à mesa da ALRA, subscrita pelos deputados do PS
Vasco Cordeiro e Sandra Dias Faria, por António Lima, deputado do BE,
por Pedro Neves, do PAN, e por Nuno Barata, deputado único da Iniciativa
Liberal (IL) que assinou um acordo de incidência parlamentar com o PSD.A
proposta foi apresentada com pedido de urgência e dispensa de exame em
comissão, depois de, na terça-feira, o deputado regional do PS e
ex-presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, ter acusado os
partidos do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) de se terem “juntado por
causa dos fundos comunitários” e de antecipar a possibilidade de serem
aquelas verbas a “deitar abaixo” o executivo.As
críticas à forma como o Governo se envolveu nas candidaturas às Agendas
Mobilizadoras do PRR, que dizem respeito a 117 milhões de euros
destinados pelo Governo da República a empresas da região, marcou o
debate de terça-feira no parlamento regional, porque a iniciativa terá
deixado de fora grande parte dos empresários do arquipélago, que alegam
não terem tido conhecimento do processo.Durante
o debate, vários deputados do parlamento açoriano estranharam a
ausência do presidente e vice-presidente do Governo (PSD/CDS-PP/PPM) no
debate de urgência realizado a pedido do PS e no qual o secretário
regional das Finanças prestou esclarecimentos sobre verbas do PRR.Na
manhã de hoje, o presidente de Governo também não marcou presença no
parlamento, embora a sua participação no plenário fizesse parte da
agenda oficial.Vasco
Cordeiro questionou na terça-feira “com que credibilidade as empresas e
a sociedade açorianas” vão agora olhar “para a aplicação dos restantes
três mil milhões de euros” destinados à região no âmbito do PRR.“O
Governo diz que só avançou [no processo de envolvimento de empresas
regionais] porque as empresas não avançaram. A 15 de julho, decorridos
15 dias da data de abertura do concurso, o Governo já estava a reunir-se
com a Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada”, alertou o
ex-presidente do Governo e líder do PS/Açores.O
secretário regional das Finanças dos Açores, Joaquim Bastos e Silva,
reconheceu que podia “ter feito melhor em matéria de comunicação”
relativamente à candidatura de projetos empresariais para 117 milhões de
euros do PRR, mas assegurou “boa-fé” na condução do processo.“Não
escolhemos empresas, apoiámos uma seleção técnica [de empresas]. O
Governo [de coligação PSD/CDS-PP/PPM] não escondeu informação dos
açorianos. Em matéria de comunicação reconheço que podíamos ter feito
melhor. Inquestionavelmente, é um aspeto a corrigir no futuro”, disse o
secretário Regional das Finanças.Vasco Cordeiro vincou que “mais de quatro mil empresas” ficaram de fora das candidaturas.António
Lima, do BE, defendeu o reinício das candidaturas para as empresas da
região, pois no que agora terminou o Governo “escolheu quem quis”.Pedro Neves, do PAN, disse que foi quebrado o “elo de confiança” depositado no Governo Regional.“Fazem isto, todos os dias, há 21 anos. Somos pessoas sérias e não podem contar mais connosco”, anunciou.O
deputado da IL Nuno Barata pediu ao secretário regional das Finanças
para “pegar nas malinhas”, sentar-se com o ministro da Economia para
“mudar” a gestão da República dos fundos destinados ao arquipélago.“Não foi este Governo que escolheu. Foi o Governo que escolheu quem vai escolher. Isto ainda é pior”, alertou.“Foi meter 117 milhões de euros na mão de meia dúzia de consultores”, criticou.Para
Rui Martins, do CDS-PP, não se pode dizer que “o atual Governo “é
responsável quando o tecido empresarial não estava preparado”.“Este Governo não se pode pautar pela mesma neblina dos anteriores”, avisou.O
líder parlamentar do PSD, João Bruto da Costa, lembrou que a gestão das
Agendas Mobilizadoras compete ao Governo da República e não à região.Por
seu lado, Paulo Estêvão, do PPM, considerou que a Câmara de Comércio e
Indústria de Ponta Delgada tem “muito para explicar aos associados e ao
tecido empresarial” sobre a seleção de candidaturas ao PRR.O deputado José Pacheco, do Chega, criticou o PS/Açores por ter deixado que a República faça a gestão de uma parte do PRR.Já
o deputado independente Carlos Furtado afirmou em comunicado que as
Agendas Mobilizadoras foram “um processo opaco e ineficaz”.