Deputados açorianos estranham ausência de presidente do Governo em debate
PRR
19 de out. de 2021, 15:12
— Lusa/AO Online
“A gestão política do PRR é da
competência do Conselho de Governo, não da Secretaria de Finanças. O que
está em causa é a competência do Governo Regional e não de um membro do
Governo”, alertou Sérgio Ávila, deputado do PS, partido que pediu o
debate na Assembleia Legislativa Regional dos Açores (ALRA) a propósito
da forma como o executivo conduziu o processo de candidaturas de
empresas aos 117 milhões de euros das Agendas Mobilizadoras do PRR.Nuno
Barata, da Iniciativa Liberal (IL), com quem o PSD tem um acordo de
incidência parlamentar, considerou que “não há agenda parlamentar que
justifique a ausência do presidente e do vice-presidente do Governo”
Regional, lançando “para baixo do comboio” o secretário das Finanças,
Joaquim Bastos e Silva.Carlos Furtado, que
é deputado independente após ter perdido, em julho, a confiança
política do líder nacional do Chega, partido pelo qual foi eleito para a
ALRA, notou que “na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, as
pessoas devem estar juntas”.“As duas
cadeiras à sua frente [as destinadas ao presidente e vice-presidente do
Governo] deviam estar ocupadas. A si, que está pendurado na cruz, a
minha solidariedade”, afirmou.“Existe a
ideia de que a corrupção, o amiguismo e o compadrio só existe à
esquerda. Se aquilo que se passou recentemente tivesse acontecido com um
governo do PS, ficaria revoltado e indignado. Como gosto de ser
imparcial, tirem as vossas conclusões”, acrescentou.Por
parte do PS, Sérgio Ávila afirmou também que “o secretário Regional das
Finanças não pode ser o bode expiatório deste processo”. “As
Agendas Mobilizadoras não foram feitas só por si. Envolvem outras
secretarias regionais. Do Mar, da Agricultura. Onde estão esses membros
do Governo? Não permita que façam de si bode expiatório deste processo,
como já fez a Câmara de Comércio de Ponta Delgada, de uma forma que não
considero justa”, indicou o deputado.Falando
na ALRA, cujo plenário começou esta manhã na cidade da Horta, ilha do
Faial, Sérgio Ávila indicou que as reuniões tendo em vista as
candidaturas às Agendas Mobilizadoras “incluíram poucos e excluíram
quase todos”.“Este processo não foi para
as 4.500 pequenas e médias empresas excluídas. O tecido económico dos
Açores assenta nestas pequenas e médias empresas, excluídas deste
processo, e não nas 30 selecionadas”, acrescentou.O
secretário Regional das Finanças dos Açores reconheceu que podia
“ter feito melhor em matéria de comunicação” relativamente à candidatura
de projetos empresariais para 117 milhões de euros do Plano de
Recuperação e Resiliência, mas assegurou “boa-fé”.
“Não escolhemos empresas, apoiamos uma seleção técnica [de empresas]. O
Governo [de coligação PSD/CDS-PP/PPM] não escondeu informação dos
açorianos. Em matéria de comunicação reconheço que podíamos ter feito
melhor. Inquestionavelmente, é um aspeto a corrigir no futuro”, disse
Joaquim Bastos e Silva.O deputado José
Pacheco, do Chega, partido com o qual a coligação governamental
PSD/CDS-PP/PPM assinou um acordo de incidência parlamentar, disse que “o
Chega não sabia de nada”.“Parece-me que a
fotografia saiu tremida. Tinha o Governo Regional responsabilidade
direta nesta matéria? Se sim, já reconheceu que houve falha de
comunicação. Por que motivo acabaram as pequenas empresas por ficar
excluídos deste processo?”, questionou.“Acabam por ser os mesmos a pagar a fatura. Pensei ter chegado ao tempo em que isto acabaria”, frisou.Pedro Neves, do PAN, disse ter pena do secretário regional das Finanças. “Deixaram-no
sozinho. Não tem presidente de Governo nem vice-presidente [presentes
no plenário]. Senhor secretário, isto não é só culpa sua. É extremamente
errado estar aqui sozinho: quem escolheu a lista [de empresas a
candidatar]?”, perguntou.Para António
Lima, do BE, “as agendas têm responsáveis e têm rosto”, o do “Governo
Regional dos Açores, presidido por José Manuel Boleiro”, e dos “partidos
que integram o Governo”.“As agendas mobilizadoras nos Açores são um jogo viciado e condenado a ser um negócio para amigos”, acusou.