Deputado Miguel Arruda vai mesmo ficar sentado na última fila junto da bancada do Chega
5 de fev. de 2025, 14:55
— Lusa/AO Online
Esta decisão
foi tomada na reunião da conferência de líderes parlamentares e
apenas mereceu a oposição do Chega, o partido pelo qual Miguel Arruda
foi eleito nos Açores nas últimas legislativas.No
passado dia 24, quando o presidente da Assembleia da República, José
Pedro Aguiar-Branco, anunciou que Miguel Arruda tinha passado a deputado
não inscrito, o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, protestou
contra a localização que lhe foi atribuída, por estar perto da sua
bancada.Pedro Pinto advertiu mesmo que não
se responsabilizaria pelo que se poderia passar durante essa sessão
plenária, considerando que Miguel Arruda tinha desrespeitado o Chega, o
Grupo Parlamentar a que antes pertencia e até a Assembleia da República.O
presidente da Assembleia da República decidiu então interromper os
trabalhos por cinco minutos, pedindo aos líderes parlamentares que se
deslocassem ao seu gabinete. Quando regressaram ao hemiciclo,
Aguiar-Branco anunciou que este assunto seria resolvido em conferência
de líderes, o que aconteceu hoje.Na
sexta-feira, a Assembleia da República recebeu o pedido do Tribunal
Central de Investigação Criminal para ouvir como arguido Miguel Arruda. O
pedido foi analisado na terça-feira pela Comissão de Transparência e,
segundo fontes parlamentares, para relator deste processo foi indicado
um deputado do PS.O relator irá ouvir
agora Miguel Arruda – um procedimento que sempre é seguido - e propor
depois o levantamento da sua imunidade parlamentar para que o
deputado açoriano responda em tribunal. O levantamento da imunidade
parlamentar deverá ser confirmado em plenário até meados deste mês.No
passado dia 21, Miguel Arruda foi constituído arguido por suspeita do
furto de malas no aeroporto de Lisboa, e nesse mesmo dia a PSP realizou
buscas nas casas do deputado em São Miguel e em Lisboa.Em
causa estão suspeitas de crimes de furto qualificado e contra a
propriedade. Miguel Arruda terá furtado malas dos tapetes de bagagens
das chegadas do aeroporto de Lisboa quando viajava vindo dos Açores no
início das semanas de trabalhos parlamentares.A
PSP indicou que o deputado do Chega não foi logo detido, porque
primeiro era necessário o levantamento da sua imunidade parlamentar. Uma
interpretação que vários deputados contactados pela agência Lusa
consideraram “discutível”. Ou seja, de acordo com esta interpretação,
Miguel Arruda poderia ter sido detido em flagrante delito no passado dia
21.Na situação específica de Miguel
Arruda, o levantamento da sua imunidade parlamentar poderá ser
automática por se tratar de suspeita de furto qualificado, com pena até
cinco anos de prisão.De acordo com o
Estatuto dos Deputados, a suspensão é obrigatória quando se tratar de
“crime doloso a que corresponda pena de prisão cujo limite máximo seja
superior a três anos”.No artigo 11ª
refere-se o seguinte: “Nenhum deputado pode ser detido ou preso sem
autorização da Assembleia, salvo por crime doloso a que corresponda pena
de prisão cujo limite máximo seja superior a três anos e em flagrante
delito”.A seguir acrescenta-se que “os
deputados não podem ser ouvidos como declarantes nem como arguidos sem
autorização da Assembleia, sendo obrigatória a decisão de autorização,
no segundo caso, quando houver fortes indícios de prática de crime
doloso a que corresponda pena de prisão cujo limite máximo seja superior
a três anos.