Deputado do PPM/Açores revela que EDA vai distribuir montante mínimo de dividendos
11 de mai. de 2021, 13:40
— Lusa/AO Online
“Na
assembleia-geral de acionistas, que se realizou no passado dia 30 de
abril, o Governo Regional transmitiu a sua posição, segundo a qual não
deveriam ser distribuídos dividendos acima do mínimo exigível do ponto
de vista legal, que é os tais 50% dos lucros”, adiantou o líder da
bancada parlamentar monárquica, numa conferência de imprensa, em Angra
do Heroísmo.O PPM, que na oposição já
tinha reivindicado a redução da distribuição de dividendos da EDA,
formou uma coligação com o PSD e o CDS-PP, depois das eleições
legislativas regionais de outubro de 2020, em que o PS, que governava os
Açores há 24 anos, perdeu a maioria absoluta.O
deputado do PPM garantiu, no entanto, que a exigência partiu “do
conjunto de partidos da coligação” e contou com o empenho do Governo
Regional.“Há uma confluência de vontades e do entendimento dos diversos partidos e do Governo nesta matéria”, referiu.Segundo
Paulo Estêvão, em 2020 foram distribuídos 16,5 milhões de euros de
dividendos pelos acionistas, mas, em 2021, dos 14 milhões de euros de
lucros do grupo EDA só serão distribuídos sete milhões (o mínimo exigido
por lei), dos quais 3,5 milhões para a região, que é acionista
maioritária, e 3,5 milhões para os restantes acionistas, onde se incluem
a Energia e Serviços dos Açores (ESA), do grupo Bensaúde, e a Energias
de Portugal (EDP).“Entre 2006 e 2019, o
grupo EDA distribuiu 115 milhões de euros de dividendos, ao mesmo tempo
que aumentava o endividamento bancário e o endividamento aos
fornecedores. Isto não faz sentido. Era uma gestão absolutamente
irracional”, criticou.O deputado
monárquico manifestou a sua “satisfação” com a “inversão de trajetória”
do novo Governo Regional, alegando que a política de distribuição de
dividendos estava a deixar a empresa “numa situação muito difícil do
ponto de vista financeiro”.“Era uma
trajetória que se começava a assemelhar muito com a trajetória que teve a
SATA”, salientou, referindo-se à companhia aérea açoriana, que tinha,
em 2019, uma dívida de 391 milhões de euros, segundo um relatório do
Tribunal de Contas.Paulo Estêvão disse
ainda que será revertida a política de admissão de pessoal no grupo EDA,
alegando que, entre 2016 e 2020, os gastos com pessoal “aumentaram
cerca de 23%” e, só em 2020, registaram-se 76 novas admissões.“Não
existirão mais admissões sem que sejam devidamente justificadas e que
seja devidamente aproveitado o potencial que já existe em termos humanos
na empresa”, assegurou.Os lucros da
empresa deverão ser utilizados, na opinião de Paulo Estêvão, para pagar a
dívida a fornecedores e reduzir a dívida bancária, mas também para
comparticipar o investimento ainda necessário em energias renováveis.“O
que se verifica é que em 2019 a produção de eletricidade da EDA apenas
incluía 38,3% de renováveis, quando se falava em 50%. Os resultados
estão muito aquém daquilo que estava projetado”, apontou, acrescentando
que o objetivo do executivo da coligação é atingir os 65% de energias
renováveis até 2025.A prioridade da
empresa deverá ser, no entanto, segundo os monárquicos, pagar a dívida
aos fornecedores, permitindo uma injeção de capital na economia
açoriana.Paulo Estêvão salientou que “a
dívida a fornecedores aumentou cerca de 13,3%”, em 2020, e a dívida
bancária “aumentou cerca de 6 milhões de euros, totalizando cerca de 265
milhões de euros no final de 2020”.