Deputado do PAN aguarda validação regional para votar contra orçamento
17 de nov. de 2021, 20:02
— Lusa/AO Online
“Por mim, está decidido, é um voto
contra [o Orçamento Regional do Governo dos Açores, de coligação
PSD/CDS-PP/PPM]. Só preciso da validação da Comissão Política
Regional, o que é uma grande probabilidade”, disse à Lusa Pedro
Neves.
O deputado referiu que o voto do PAN
“não mudou” e que “nada mudou” com o anúncio feito hoje
pelo líder nacional do Chega, André Ventura, de que vai pedir ao
Chega/Açores para retirar o apoio ao Governo Regional, acabando com
o acordo de incidência parlamentar, a menos de uma semana de a
Assembleia Legislativa Regional começar a discutir o Orçamento para
2022.
Questionado pelos jornalistas em Santa
Maria, o presidente do executivo, o social-democrata José Manuel
Bolieiro, não quis prestar declarações.
“O PAN não vai alterar o sentido de
voto devido a outros partidos. Não é um líder do continente que
vai usar os deputados como marionetas”, vincou.
Por outro lado, Pedro Neves considerou
que, “até ao Chega/Açores dizer alguma coisa, não há crise”
política na região autónoma.
“O voto do PAN é pragmático e
isento de qualquer pressão política”, afirmou.
De acordo com o deputado do PAN,
relativamente ao Orçamento para 2022, “não abona muito a favor do
governo o passado recente das Agendas Mobilizadoras” do Plano de
Recuperação e Resiliência, pois o “rigor não foi dos melhores”.
As verbas do PRR destinadas a empresas
açorianas estiveram em debate no plenário regional de outubro,
devido a um alegado favorecimento do executivo a alguns grupos
económicos, e levaram o Governo Regional a suspender o processo.
“Se houve promiscuidade, saberemos na
comissão de inquérito”, observou Pedro Neves, referindo-se à
comissão aprovada pelo parlamento regional.
O PAN absteve-se na votação do
primeiro Plano e Orçamento do atual Governo Regional dos Açores.
Em 05 de novembro, no final das
audições dos membros do executivo sobre o Orçamento para 2022,
Pedro Neves já tinha manifestado a vontade de “votar contra” o
documento.
“A minha vontade própria, apenas
como deputado, não como porta-voz de um grupo que é a Comissão
Regional do partido, era votar contra”, assegurou.
Na ocasião, o parlamentar do partido
das Pessoas, Animais e Natureza lembrou que não é o seu partido que
tem a obrigação de apoiar o executivo liderado por José Manuel
Bolieiro, mas sim os partidos que formam o executivo (PSD, CDS e PPM)
e também aqueles que lhe garantem apoio parlamentar (Chega e IL).
A Assembleia Legislativa dos Açores é
composta por 57 deputados, sendo que, na atual legislatura, 25 são
do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um da
Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um deputado independente
(eleito pelo Chega).
No arquipélago, PSD, CDS-PP e PPM, que
juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo de governação.
A coligação assinou ainda um acordo
de incidência parlamentar com o Chega e o PSD um acordo de
incidência parlamentar com a IL. O deputado independente Carlos
Furtado manteve o apoio ao Governo dos Açores.
Se o deputado único do Chega, José
Pacheco, deixar de apoiar o executivo, este passa a contar com o
apoio de 28 deputados, insuficiente para garantir maioria absoluta no
hemiciclo (29).
Além disso, o deputado único da
Iniciativa Liberal, Nuno Barata, revelou em 05 de novembro que o seu
sentido de voto não está fechado, mesmo depois de o Governo
Regional ter reduzido o nível de endividamento previsto no Orçamento
e no Plano para 2022, tal como tinha exigido o parlamentar.
A Assembleia Legislativa Regional dos
Açores começa na segunda-feira o debate sobre o Plano e Orçamento
do Governo para 2022.