Deputada provincial luso-canadiana alerta para falta de prestadores de cuidados continuados
25 de nov. de 2019, 10:53
— Lusa/AO Online
"Sabemos
que não temos pessoas suficientes a trabalhar na linha da frente dos
cuidados continuados e quando gastamos dinheiro nesta área ou na própria
saúde, queremos ter a certeza de que esse dinheiro vai para a linha da
frente e que não seja lucrativo", disse hoje à agência Lusa Teresa
Armstrong, de 54 anos.Filha de emigrantes
de São Miguel (Açores), a antiga Mediadora de Seguros, veio para o
Canadá com seis anos, e cumpre o seu segundo mandato, após ter sido
eleita pela primeira vez em 2011. "Esse
investimento deve ser destinado para onde os cuidados devem estar, ou
seja, é para os residentes desses centros e lares que deve ter
prioridade", realçou Teresa Armstrong. A
deputada provincial do NDP (esquerda), o partido de oposição ao governo
conservador de Doug Ford (direita), é a responsável pela ‘pasta' dos
Cuidados Domiciliários e Continuados. "Os
cuidados domiciliares e continuados estão no pensamento diário das
pessoas. A população está a envelhecer, e a comunidade portuguesa está
preocupada com os seus pais que já são idosos, em como a qualidade dos
cuidados será disponibilizado", acrescentou. A
luso-canadiana recorda ainda o caso de Elizabeth Wettlaufer, uma
enfermeira condenada pela morte de oito idosos em vários lares,
utilizando overdoses de insulina, a maioria em Woodstock e um caso em
London, no sul do Ontário. A enfermeira foi apenas condenada porque em
2016 confessou ao terapeuta os crimes ocorridos.A
Comissária dos Inquéritos Públicos Eileen Gillese elaborou 91
recomendações num relatório público denominado por ‘Strained but not
Broken' (‘Tenso mas não partido’), divulgado este verão. As
recomendações incluem uma melhor supervisão das enfermeiras registadas e
uma maior consciencialização de homicídios em série ocorridos no
sistema de saúde. "Foi uma situação
horrível e que nunca mais deve de acontecer. Precisamos desses
trabalhadores na linha da frente, com a formação necessária, como sugere
o relatório. Quando temos um bom ambiente, todos beneficiamos",
lamentou Teresa Armstrong A deputada
provincial eleita por London - Fanshawe (sul do Ontário) também enumerou
alguns dos problemas que afetam a comunidade portuguesa que "são
similares com os das outras etnias". "Um
dos maiores problemas é a habitação a preços acessíveis. Pessoas que
vivem do seu rendimento, estão preocupadas com as contas mensais, quer
da eletricidade, quer do custo da vida, dos seguros, do gás. Estão
legitimamente no seu direito de estarem preocupados", descreveu. No
final de abril deste ano, o Governo do Ontário notificou as Câmaras
Municipais que alguns dos serviços financiados pela província seriam
reduzidos, (como as unidades de saúde pública municipais, em alguns
casos uma redução de 100% para 75%), o que "está a levar que as
autarquias aumentem os impostos municipais", contou a luso-canadiana."A
província retrocedeu o apoio aos municípios, por exemplo London está a
ponderar um aumento de quatro por cento nos impostos municipais. É uma
discussão que estamos a ter agora, porque o governo de Ford transferiu
para os municípios tantos serviços e responsabilidade", concluiu.Calcula-se que existem em London, cerca de 15 mil portugueses e lusodescendentes.