Depois do pódio, Mário Patrão quer lutar pela vitória nos ‘originais’
Dakar2023
24 de jan. de 2023, 09:38
— Lusa/AO Online
Numa
conferência de imprensa que decorreu na sede do principal
patrocinador do motociclista, a Caixa de Crédito Agrícola, em Lisboa,
Mário Patrão fez “um balanço positivo” da participação na 45.ª edição da
prova, que terminou no dia 15, na Arábia Saudita.Patrão
de 46 anos, concluiu as duas semanas de corrida na 34.ª posição da
geral das motas, terceiro entre os que correram sem assistência externa.“No
ano passado tinha sido sexto. Este ano fui terceiro e, agora, gostava
de poder lutar pela vitória”, admitiu o piloto natural de Seia (Guarda),
que já foi sete vezes campeão nacional de todo-o-terreno.Para
isso, sabe que terá de praticamente “duplicar” os cerca de 40 mil euros
que custou o projeto deste ano, pois será necessário “adquirir uma mota
nova, pois esta já fez dois ‘Dakares’”, o que implica, só por si, um
custo acima dos 35 mil euros.O facto de
residir no interior do território nacional é uma dificuldade acrescida,
num país em que o mercado de motas não é dos mais expressivos.“É mais difícil chegar às grandes empresas e às televisões. As reuniões têm de ser em Lisboa ou no Porto”, admitiu.Patrão sabe que “voltar ao Dakar” não depende apenas da sua vontade.“Mas
o objetivo é ir na mesma categoria e tentar melhorar o resultado deste
ano. Para isso, tenho de fazer uma boa época, fazer alguns ralis, ter a
sorte e fazer um bom Dakar”, frisou o piloto que, em 2022, foi campeão
mundial de veteranos.Esta foi a oitava
participação do piloto natural de Seia na mais mediática prova de
todo-o-terreno, que pelo quarto ano consecutivo se realizou na Arábia
Saudita, contando o 13.º lugar de 2016 como o melhor resultado
individual.Desde 2022, no entanto, Mário
Patrão decidiu apostar na categoria ‘Original by Motul’, a antiga Malle
Moto, em que os pilotos não recebem assistência exterior e só podem usar
as ferramentas que viajam numa mala da organização.“Esta
categoria é mais dura, porque não temos os mecânicos. Temos menos tempo
de descanso, menos tempo para nos alimentarmos. E o dia não estica.
Quando estava nas equipas tinha sempre uma hora ou duas em que podia
relaxar depois de terminar a etapa. Agora não, é comer qualquer coisa e
tratar da mota para o dia seguinte”, descreveu.A manutenção diária da mota após as etapas demorava-lhe “quatro a cinco horas”, o que deixava outro tanto para dormir.“Nem
é bem dormir, pois nós temos de ficar em tendas e há sempre geradores a
trabalhar, mecânicos a testarem motas, carros, gente a soldar,
rebarbadoras a trabalhar… mesmo com tampões nos ouvidos, ouve-se sempre
barulho”, explicou.Este ano, a chuva que
se abateu a meio da prova obrigou os pilotos desta categoria a dormir
num dos escritórios da organização, “pois as tendas ficaram cheias de
lama”.Outro dos problemas provocados pela
chuva foi a água que entrou para a gasolina fornecida pela organização e
quase deixava Mário Patrão apeado.“Tive
duas vezes água no combustível e tive de trocar a bomba de gasolina.
Houve um dia em que tive de desmanchar a mota duas vezes para mudar a
gasolina dos depósitos de trás para os da frente. Foi o maior problema
que enfrentei nesta edição, para além de algumas quedas”, frisou Mário
Patrão.O piloto espreita, agora, a
possibilidade de o Dakar incorporar uma categoria específica para motas
elétricas, modelos de que é pioneiro a utilizar em competição em
Portugal.“O objetivo para este ano é fazer
oito a 10 corridas com motas elétricas, para as pessoas perceberem que é
possível competir com essas motas amigas do ambiente”, sublinhou.Quando à possibilidade de fazer um Dakar com uma mota sem motor de combustão, deixa a porta aberta.“Há
projetos em cima da mesa para começar com alguma mota elétrica mas é
preciso ajustar, primeiro, os regulamentos. Em 2024 já deve haver classe
de motas elétricas. Mas é preciso perceber primeiro como será o
regulamento. Se surgir essa oportunidade, vou estudá-la”, concluiu.