Depois de o furacão "Lorenzo" passar é tempo de limpar e ajudar
4 de out. de 2019, 09:15
— Lusa/AO Online
Ontem à tarde, quando o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco
Cordeiro, e os ministros Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, e do
Planeamento, Nelson de Souza, chegaram a Porto Pim, ao longe viam-se
dezenas de voluntários a limpar a praia, praticamente coberta com
detritos que o furacão “Lorenzo” atirou para terra.No
café “Porto Pim” era também tarde de limpezas, depois de, na madrugada
de quarta-feira, a água ter chegado a metro e meio de altura, destruindo
balcões, frigoríficos e até o estrado de madeira da esplanada, agora
todo esburacado.“Agora é limpar”, disseram
os funcionários do estabelecimento a Vasco Cordeiro, que só hoje saiu
da ilha das Flores, para onde se deslocou no início da semana.De
uma varanda ouviu-se, entretanto, um “muito obrigada” às autoridades
pelo trabalho feito e pela forma como tudo foi organizado para ‘receber’
o furacão.Na Travessa Porto Pim, a
padaria já estava de ‘cara lavada’, mas a poucos metros, nos passeios
podia ainda ver-se o lixo vindo do mar, paus, canas, garrafas e até uma
boneca.Na travessa, a comitiva virou à esquerda, seguindo sempre junto ao mar, pela Rua do Castelo.‘Porta
sim, porta não’, o cenário repetia-se: com vassouras tentava-se tirar a
lama que ainda cobria grande parte do chão, esfregavam-se paredes,
tentava-se lavar quase tudo.“Vamos
tentando recuperar o que é possível”, explicou um funcionário dos
serviços do Governo Regional na ilha do Faial, enquanto carregava uma
impressora “que esteve submersa”.Algumas portas ao lado, uma família limpava a casa de uma idosa, que foi “lá mais para cima” ainda antes de o furacão chegar. “Ela só dizia, tenho 91 anos e já não vejo a minha casinha”, relatou a filha.Enquanto
uns limpavam dentro de casa, outros levaram o mobiliário que resistiu à
água para a rua, onde se lavavam sofás à mangueirada e se passava o
pano por cadeiras enlameada.“Para a frente
é que é o caminho, nada de desanimar”, exclamou o presidente do Governo
Regional, que em todas as casas por onde passou deixou palavras de
incentivo e solidariedade.Fernanda apareceu também à porta. Não mora da rua, mas veio ajudar uma amiga, como muitas outros fazem por estes dias.Já
no fim da rua, frente a um grande buraco que o mar abriu na estrada,
mais de uma dezena de amigos tirava roupas molhadas, sujas e enlameadas
de uma garagem, ajudando no que podia a família da casa da esquina.Nesta
pequena volta por Porto Pim, a acompanhar Vasco Cordeiro, andaram
também os ministros Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, e do
Planeamento, Nelson de Souza, que, além de impressionados com os
estragos, notaram também o espírito da comunidade, que se sentia por
todo o lado.“É notável como toda esta
comunidade, toda ela, se mobilizou para ajudar a recuperar a praia, a
limpar as ruas, as casas e esse também é um exemplo para todo o país”,
disse Pedro Siza Vieira aos jornalistas.A
passagem do furacão “Lorenzo” pelos Açores na quarta-feira provocou mais
de 250 ocorrências e obrigou ao realojamento de 53 pessoas, a mais
parte das quais na ilha do Faial, que pertence ao grupo Central do
Arquipélago.