Denúncia de abuso sexual a aluno por colegas arquivada por falta de provas
Praia da Vitória
18 de jan. de 2023, 18:35
— Lusa
“A
denúncia foi-nos feita pelos pais. Sabemos que há uma queixa
apresentada na Polícia Judiciária e no Ministério Público. Não temos
provas de nada. Na sequência da denúncia instaurámos procedimentos
disciplinares, com a colaboração da Inspeção Regional da Educação,
precisamente para que o procedimento decorresse com a imparcialidade
exigida e por alguém com conhecimentos na área jurídica”, avançou, em
declarações aos jornalistas, a presidente do conselho executivo da
Escola Básica Integrada Francisco Ornelas da Câmara, na Praia da
Vitória, Helena Ávila.O caso foi
denunciado à RTP/Açores pelo pai do jovem de 13 anos, que alega ter sido
vítima de agressão sexual por colegas da mesma idade, em outubro de
2022.Após a denúncia, que ocorreu em 28 de
outubro, os alegados agressores foram identificados, mas a escola
acabou por arquivar o procedimento disciplinar por falta de provas.“Quando
os alegados agressores foram identificados, agimos de imediato,
reforçando a vigilância, instaurando os procedimentos disciplinares.
Esses alegados agressores foram alvo de uma medida preventiva de
suspensão, para que todo o processo decorresse com a imparcialidade
exigida. Tentámos apurar os factos, perceber de facto o que tinha
acontecido, mas não conseguimos provas que nos permitissem chegar a
alguma conclusão para agir de outra maneira. Não temos provas do que
aconteceu e tivemos de arquivar”, avançou Helena Ávila.Entre
a identificação dos alegados agressores e a abertura do procedimento
disciplinar, que levou à suspensão dos alunos, passaram vários dias, o
que a presidente do conselho executivo justificou com a necessidade de
“pedir um parecer técnico-jurídico à direção regional e ao serviço de
inspeção, porque decorria ao mesmo tempo um processo judicial”.“Não sabíamos se havia alguma incompatibilidade na instauração do procedimento disciplinar”, explicou.Apesar
de admitir que a escola tem falta de assistentes operacionais, a
presidente do conselho executivo da escola básica integrada da Praia da
Vitória disse aos jornalistas que os locais identificados como
“recantos” já eram vigiados em outubro.“Nessa
altura, os espaços estavam vigiados. Não vou dizer que não tínhamos
falta de funcionários, porque tínhamos alguns funcionários que, por um
motivo ou outro, não estavam ao serviço, mas as zonas que foram
identificadas tinham vigilância”, afirmou.À
data da alegada agressão sexual, já decorria um concurso para a
colocação de seis assistentes operacionais, esta semana deverão entrar
mais cinco e, na terça-feira, foi autorizado um novo concurso para a
colocação de outros cinco no decorrer de 2023.A
unidade orgânica, composta por 13 estabelecimentos de ensino, com cerca
de 1.700 alunos, conta ter, em 2023, 92 lugares no quadro para
assistentes operacionais.Segundo Helena
Ávila, o número seria suficiente para colmatar as necessidades, se todos
os funcionários estivessem ao serviço, mas 22 estão de baixa médica.“Temos
muitos funcionários que não comparecem ao serviço por motivos de saúde e
que, em articulação com a direção regional, vamos colmatando com os
programas ocupacionais. Claro que todos trabalhamos para a segurança dos
nossos alunos e andamos atentos. Não fazíamos ideia de que tais coisas
estivessem a acontecer”, frisou.Helena
Ávila admitiu ainda que a escola tem “falta de técnicos e de preparação
para lidar com estas situações específica”, revelando que a unidade
orgânica tem apenas “duas psicólogas”.Segundo
a presidente do conselho executivo, a Secretaria Regional da Educação e
Assuntos Culturais “tem conhecimento da situação” desde o dia em que
foi feita a denúncia e tem estado em articulação com a escola para
reforçar o número de funcionários.“Todas as faltas que temos de funcionários estão a ser articuladas com a tutela, com uma proximidade muito grande”, avançou.A
Lusa procurou uma reação da secretária regional da Educação, mas fonte
do gabinete disse que Sofia Ribeiro não estava disponível para prestar
declarações sobre este caso.