Democratas e Republicanos dividem o país e o controlo do Congresso
EUA/Eleições
7 de nov. de 2018, 10:53
— Lusa/AO Online
Ainda
com vários resultados por apurar, há já a certeza de que o Partido
Democrata ganhou o controlo da Câmara de Representantes e de que o
Partido Republicano reforçou a sua maioria no Senado.O
presidente dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, já
reconheceu a derrota na Câmara de Representantes e telefonou à líder dos
democratas, Nancy Pelosi, para felicitá-la pela vitória do seu partido
naquele órgão do Congresso norte-americano.Trump
telefonou igualmente ao líder da maioria republicana no Senado, Mitch
McConnell, "para o felicitar pelas conquistas históricas" no Senado.Mas
uma das maiores preocupações de Trump e dos Republicanos é o resultado
nas corridas aos lugares de governadores, com as projeções mais recentes
a indicarem que os Democratas deverão ganhar oito novos Estados,
aumentando a vantagem de 16 que já possuíam sobre os Republicanos.Com
a eleição de alguns assentos na Câmara de Representantes ainda por
apurar, as projeções indicam que o Partido Democrata deverá recuperar
cerca de 30 lugares, ficando com cerca de 230 congressistas contra cerca
de 205 dos Republicanos.No
Senado, duas corridas estão ainda em aberto (Arizona e Montana), mas as
projeções indicam que os Republicanos devem manter o controlo,
reforçando a maioria com dois a três lugares (54 contra 46).A
perda da hegemonia Republicana no Congresso acontece após umas eleições
que ficarão na história com uma das mais concorridas (mais de cem
milhões de eleitores) e uma das mais caras (com estimativas a indicar
que os candidatos gastaram mais de cinco mil milhões de euros nas
campanhas).Mas
ambos os partidos reclamam vitória, olhando para os bons resultados que
os Democratas conseguiram nas zonas suburbanas e que os Republicanos
conseguiram nas zonas rurais do interior.Donald Trump reagiu no Twitter - “Tivemos uma tremenda vitória, esta noite”.O
Presidente mostrou-se particularmente satisfeito com o reforço
Republicano no Senado, depois de se ter envolvido diretamente na
campanha, tendo participado em 42 comícios, em 22 Estados.Do
lado democrata, Nancy Pelosi, líder parlamentar dos Democratas, reagiu
aos resultados com igual satisfação, prometendo que utilizará a maioria
na Câmara de Representantes para prosseguir uma agenda bipartidária para
o país e trabalhar para “soluções que nos unam”.À
boca das urnas, as sondagens revelaram que o tópico que mais preocupou
os eleitores foi a questão dos cuidados de saúde, com os dois partidos
divididos sobre o futuro do programa Democrata conhecida como Obamacare,
que a agenda Republicana procura rejeitar.O
segundo tema mais relevante, nas respostas dos eleitores, é a questão
da imigração, que Donald Trump trouxe de forma exuberante para a
campanha, tendo sido muito criticado pelos candidatos democratas, que
defendem regras mais inclusivas.Estas eleições ficam ainda marcadas pelos números recorde de eleitores jovens e de eleitores de minorias.Mas
também o perfil dos eleitos teve uma alteração, com a nomeação de mais
de cem mulheres para o Congresso, sobretudo pelo partido Democrata.Com
o novo equilíbrio entre o Senado de maioria Republicana e a Câmara de
Representantes de maioria Democrata, os analistas preveem um clima
político mais hostil à Casa Branca de Donald Trump.Vários
congressistas eleitos pelo Partido Democrata prometeram na noite
eleitoral uma forte resistência à agenda legislativa dos Republicanos,
mas também um escrutínio mais ativo das políticas de Donald Trump.Alguns
sugerem que poderão mesmo iniciar um processo de “impeachment” ao
Presidente, por suspeição de conluio com uma alegada interferência do
governo russo nas eleições presidenciais de 2016.