Defesa pede nulidade da prova e pode pôr em risco o processo
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24 de abr. de 2024, 11:24
— Lusa/AO Online
De acordo com o requerimento
apresentado na terça-feira, noticiado pela CNN Portugal e a que a Lusa
teve acesso, é invocada a participação da Polícia de Segurança Pública
(PSP) na investigação do Ministério Público (MP), quando a lei prevê
para os crimes associados ao caso a competência exclusiva da Polícia
Judiciária.“A Polícia Judiciária é o único
órgão de polícia criminal competente para proceder à realização de
quaisquer diligências e investigações relativas a inquéritos em que
esteja em causa a investigação dos crimes” de corrupção, tráfico de
influência e prevaricação, segundo o documento, que se apoia na Lei de
Organização da Investigação Criminal (LOIC). O
requerimento dirigido ao Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC)
alega, por isso, que “o MP não pode delegar na PSP” a prática de atos de
investigação de crimes que se enquadram na esfera da PJ e lembra que,
em relação a Afonso Salema, “toda a prova recolhida durante o inquérito o
foi por órgão de polícia criminal incompetente”.A
defesa entende que, por não estar de acordo com o que a lei prevê, o
ato do MP de “delegação de competência é inválido” e também não poderia
ter sido validado por um juiz de instrução quando foi necessária a
autorização para a realização de escutas telefónicas.Nesse
sentido, a defesa, a cargo do advogado Pedro Duro, pede “que seja
declarada a nulidade insanável do despacho que confere à Polícia de
Segurança Pública o encargo de proceder a quaisquer diligências e
investigações relativas ao presente inquérito e de toda a prova”
apresentada no processo, o que pode afetar todos os arguidos e
suspeitos, incluindo o ex-primeiro-ministro António Costa.A
legislatura anterior foi interrompida na sequência da demissão de
António Costa do cargo de primeiro-ministro, após ter sido divulgado que
era alvo de um inquérito instaurado no MP junto do Supremo Tribunal de
Justiça após ter sido extraída uma certidão do processo-crime Operação
Influencer.A Operação Influencer levou na
altura à detenção de Vítor Escária (chefe de gabinete de António Costa),
Diogo Lacerda Machado (consultor e amigo de António Costa), dos
administradores da empresa Start Campus Afonso Salema e Rui Oliveira
Neves, e do presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, que ficaram
em liberdade após interrogatório judicial.Existem
ainda outros arguidos, incluindo o ex-ministro das Infraestruturas João
Galamba, o ex-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno
Lacasta, o ex-porta-voz do PS João Tiago Silveira e a Start Campus. O
caso está relacionado com o projeto de construção de um centro de dados
na zona industrial e logística de Sines pela Start Campus, a produção
de energia a partir de hidrogénio em Sines, e a exploração de lítio no
distrito de vila Real, em Montalegre e Boticas.