Deco recebeu mais de 4 milhões de queixas em 10 anos, telecomunicações lideram
5 de fev. de 2020, 11:49
— Lusa/AO Online
Num balanço divulgado, a
Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) diz que no
último ano recebeu 343.310 contactos de consumidores e que o setor das
telecomunicações se manteve o líder das reclamações.Em
10 anos, as telecomunicações mereceram 539.313 relatos dos
consumidores. A velocidade anunciada da internet, o período de
fidelização, a dupla faturação, as práticas comerciais desleais, a
cobrança pela fatura em papel e a dificuldade de cancelamento do
contrato foram os principais motivos das queixas.“O
processo de migração para a TDT, com a atuação da ANACOM, a publicidade
enganosa das operadoras e a deficiente estratégia de implementação do
plano do apagão analógico lesou muitos milhares de consumidores. Em
2013, a Deco intentou uma ação coletiva contra a ANACOM. Até agora pouco
ou nada mudou”, escreve a associação, que exige maior proteção para o
consumidor.A Deco lembra igualmente que as
vendas agressivas motivam cerca de 4.000 reclamações por ano e que “as
práticas comerciais desleais porta-a-porta, pelo telefone e pela
internet foram uma constante ao longo destes 10 anos”.“Acrescem
problemas relativos à garantia dos bens e ao não cumprimento do prazo
de livre resolução do contrato (14 dias)”, que aponta para 325.396
reclamações recebidas entre 2010 e 2019.O setor da energia, outros dos mais reclamados, recebeu 377.536 reclamações em 10 anos.“Embora,
em 2015, 100 mil portugueses tenham conseguido, com o apoio da Deco, a
devolução de cerca de 58 mil euros das cauções dos serviços públicos, as
reclamações relativas à energia e água continuam”, escreve a defesa do
consumidor, que aponta sobretudo para a prescrição e consumos
excessivos, dupla faturação, complexidade da fatura e atraso no seu
envio.A Deco sublinha também que as
denúncias relativas ao transporte aéreo aumentaram, recordando o “Caso
Ryanair”, que em setembro de 2016 lesou milhares de passageiros que
viram o seu voo cancelado. A associação representou os consumidores e
conseguiu que recebessem a devida indemnização, num total de 35 mil
euros. “O constrangimento de voos e as
práticas comerciais desleais demonstram que este setor permanecerá no
ranking da próxima década”, frisa a Deco, que exige mais proteção para
os consumidores.Também a falência das
transportadoras áreas e dos prestadores de serviços turísticos e de
lazer como, por exemplo, Marsans e Vida é Bela, “foi uma constante nos
últimos anos”, refere a Deco, acrescentando:”10 anos passaram e, apesar
das agências de viagens já terem um mecanismo de proteção, o certo é que
os consumidores continuam desprotegidos em muitas outras situações de
falência e encerramento de empresas”."A
próxima década traz novos desafios. A Associação, como sempre, estará ao
lado de cada consumidor, fazendo do seu problema a sua causa", garante.