Deco recebe 300 queixas contra Ryanair em menos de uma semana
26 de set. de 2017, 14:11
— Lusa/AO Online
“As primeiras reclamações surgiram há uma semana e já temos 301
reclamações até à manhã de hoje”, afirmou à Lusa o jurista da associação
Paulo Fonseca, explicando que o motivo das queixas se relaciona com o
pedido de indemnizações e compensação por outros danos sofridos pelos
passageiros, alguns no estrangeiro sem poder regressar e que pedem agora
que a companhia suporte essas despesas de assistência.A Deco diz
ainda que, como resultado de uma reunião com a Ryanair na
segunda-feira, a companhia irlandesa firmou o compromisso de assumir
todas as suas responsabilidades.No entanto, a Deco lembra que a
transportadora não cumpriu os seus deveres de informação, ao dar a
conhecer no seu site, o único canal disponível para os consumidores, que
os passageiros prejudicados tinham direito a uma troca de voo, sem
custos, mas sem referir o direito a qualquer indemnização por ter
informado do cancelamento do voo sem respeitar o prazo mínimo de sete
dias que a lei impor.A Deco apela a todos os consumidores,
associados ou não, que reencaminhem para a associação as suas
reclamações, adiantando que cobra apenas aos não associados 10 euros
pelo processo, sendo grátis para os associados.“Continuamos a
aguardar junto da ANAC o agendamento de uma reunião. Houve violação dos
deveres da companhia irlandesa, devido a publicidade enganosa das suas
obrigações face aos cancelamentos, no entanto ainda não foi aplicada
nenhuma sanção”, criticou Paulo Fonseca, defendendo que a aplicação de
coimas é devida pela violação de direitos fundamentais dos passageiros.Entre
as três centenas de reclamações há casos de passageiros que tiveram de
pagar alojamento, nomeadamente em países estrangeiros, outros que tinham
comprado voos com escala, ambos da Ryanair, mas a companhia não assume a
responsabilidade por ambos os voos, e até um grupo de estudantes
estrangeiros que, devido ao cancelamento de voo, ultrapassaram o prazo
do visto necessário para poderem viajar.A companhia aérea irlandesa cancelou 2.100 ligações até ao final de outubro, afetando 315.000 passageiros em todo o mundo.Os
passageiros da Ryanair afetados pelos cancelamentos têm direito a
indemnizações, até cerca de 400 euros por viagem cancelada, além do
reembolso ou remarcação da viagem e refeições/alojamento.Mas o
aviso publicado na página de internet da transportadora aérea não faz
referência ao direito de ser compensado pelo cancelamento, facultando
como solução a solicitação do reembolso, a processar em sete dias úteis,
ou a alteração do voo cancelado de forma gratuita, mas sujeito a
disponibilidade de lugares.Na segunda-feira, a Ryanair anunciou
ter processado já 305 mil remarcações de voos ou reembolsos, até ao
passado domingo, o que abrange 97% dos clientes afetados cancelamento de
2.100, dos seus 103 mil, voos programados para setembro e outubro.Em
comunicado, a Ryanair especifica que os restantes 3% de clientes
afetados, num total inferior a 10 mil clientes, ainda não terão entrado
em contacto com a companhia.