Deco quer linha de financiamento para crédito à habitação de famílias em dificuldades
26 de out. de 2022, 11:02
— Lusa/AO Online
"O PARI
[plano de ação para o risco de incumprimento] é uma boa medida [que
obriga a banca a fazer avaliação de alguns créditos] mas neste momento
exigem-se medidas extraordinárias", defendeu a coordenadora do Gabinete
de Proteção Financeira da Deco – Associação para a Defesa do Consumidor,
Natália Nunes, numa audição no parlamento a requerimento do PSD, sobre a
subida das prestações no crédito para aquisição de habitação.O
aumento dos preços e prestação de créditos são uma preocupação para a
associação, disse a responsável, salientando que desde setembro a Deco
tem recebido pedidos de famílias vulneráveis que temem não conseguir
continuar a cumprir o pagamento dos créditos, face à subida das taxas de
juros."Quem pede ajuda tem cinco
créditos", disse, destacando que as famílias que pedem ajuda têm, em
média, uma taxa de esforço de 70% só relativa a crédito à habitação,
cartões de crédito e crédito ao consumo.Natália
Nunes disse aos deputados que criar uma linha de financiamento é
"fundamental", até porque "só em última instância as famílias deixam de
pagar o crédito à habitação", e defendeu também medidas de apoio para as
famílias que, neste momento, já estão em incumprimento.Muitas
famílias ainda não estão em incumprimento do crédito à habitação,
porque estão a recorrer às poupanças que amealharam durante a pandemia
da covid19, segundo a Deco, que defendeu também que fosse criada a
impenhorabilidade da casa de morada de família.Questionado
sobre medidas do Governo para ajudar as famílias com créditos à
habitação, numa conjuntura de alta das taxas de juro, o
primeiro-ministro afirmou, esta segunda-feira, que o impacto do aumento
dos juros nos créditos à habitação está a ser acompanhado pelo Governo e
deve ser encarado sem dramatismo.“Temos
estado a acompanhar muito proximamente com o Banco de Portugal e com a
Associação Portuguesa de Bancos a evolução do crédito e o Orçamento do
Estado para 2023 tem uma medida específica que permite o aumento da
liquidez das famílias que tenham créditos de habitação em ativos, já que
essas famílias podem requer a redução de um escalão na retenção na
fonte do IRS”, disse.De acordo com o
primeiro-ministro, por parte dos bancos, tem-se também verificado uma
clara vontade de encontrar por via negocial com os clientes “as melhores
formas de acomodarem o impacto da subida das taxas de juro”, e referiu
que já no período da pandemia houve tensão em torno desta questão dos
créditos à habitação e o problema “foi ultrapassado” igualmente por
negociação.“Vamos aprovar um diploma que
favorece essa negociação e elimina os custos associados a essa
negociação. Portanto, acho que devemos encarar sem dramatismo a situação
que estamos a viver”, defendeu.