Deco esclarece sobre direitos de viajantes que querem manter viagens
4 de mar. de 2020, 17:29
— Lusa/AO online
A associação
lançou hoje uma linha telefónica para esclarecer os consumidores que
estão preocupados com a epidemia do novo coronavírus por terem viagem
marcada, mas o novo serviço também esclarece quem quer manter a viagem,
apesar do surto, e que direitos podem reclamar."Todos
os agentes têm de cumprir o seu papel", adverte o coordenador do
departamento jurídico e económico da associação de defesa dos
consumidores Deco, Paulo Fonseca, lembrando que este é também um dos
esclarecimentos que a associação quer prestar aos consumidores que
compraram viagens, lembrando o seu direito à informação."Se
tenho uma viagem marcada, por exemplo para maio, para um destino onde
não existe informação [quanto ao Covid-19], faz sentido que o consumidor
contacte a agência, para saber se está tudo bem [no local para onde vai
viajar], se existe alguma recomendação específica", aconselhou o
jurista.Paulo Fonseca lembrou que a
agência de viagens, tratando-se de uma viagem organizada, é quase um
acompanhante do próprio consumidor nessa viagem, é o 'amigo' do
consumidor. Tem também [a agência] que contactar o consumidor, que não é
obrigado a saber todas as informações do mundo e a acompanhar, ao dia
ou hora, o surto" de Covid-19.O jurista
lembrou que "a agência também tem a obrigação de contactar o consumidor
para lhe prestar informações", referindo-se a viagens organizadas, que o
Tribunal de Justiça já precisou que inclui uma combinação de serviços
turísticos vendidos por uma agência de viagens, por um preço global com
tudo incluído, que englobe dois de três serviços – transporte,
alojamento e outros serviços turísticos não subsidiários do transporte
ou do alojamento que representem uma parte significativa da viagem
organizada – e que essa prestação exceda 24 horas ou inclua uma dormida.
"A agência [de viagens] tem a obrigação
de informar e de acompanhar o consumidor", advertiu Paulo Fonseca,
salientando ainda que "esta informação [a prestar ao consumidor] não se
esgota antes da viagem".O jurista explica
que "podem existir situações em que os consumidores, já em viagem, em
virtude de medidas adotadas" no país estrangeiro, como de confinamento,
em que [o consumidor] é obrigado a permanecer em quarentena, têm de ter
apoio da agência em acompanha-lo e garantir o seu repatriamento".Paulo
Fonseca explica que, nesta situação, o consumidor tem a obrigação de
contactar de imediato a agência de viagens, para que o possa ajudar, mas
a agência tem a obrigação de lhe dar informação sobre postos
consulares, serviço de assistência médica ou o repatriamento que tem de
ser assegurado", afirmou, explicando que o acompanhamento da agência
"não se esgota na entrada de um cruzeiro ou avião", mas só termina
quando acaba a viagem e corre tudo bem.A
Deco, na linha de atendimento para viajantes, hoje lançada, também
pretende esclarecer os consumidores que não têm viagens organizadas e
que, por sua iniciativa, compraram voos e alojamento, sem recorrer a uma
agência de viagens ou operador semelhante."Acontece
em muitos destinos europeus. O consumidor [português] já tem por hábito
comprar a própria viagem, diretamente numa companhia aérea, e o
alojamento numa plataforma, e aí não existe esse 'amigo' do consumidor
que posa dar essa informação", como acontece nas viagens organizadas,
explicou.A Deco, segundo aquele
responsável, já pediu reuniões com "empresas que lidam com bilhetes" de
avião avulso, como a Ryanair ou a TAP, e é com base na informação que
vai recolher que vai esclarecer os consumidores.O
novo coronavírus já provocou mais de 3 mil mortes e infetou mais de 92
mil pessoas, incluindo cinco em Portugal, e levou a Organização Mundial
de Saúde (OMS) a declarar situação de emergência de saúde pública
internacional de risco “muito elevado”.O
surto de Covid-19, detetado em dezembro na China, pode causar infeções
respiratórias como pneumonia, e já fez também vitimas mortais no Irão,
Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália,
Tailândia, Estados Unidos da América, Filipinas e Iraque.