Deco avança com 26 propostas para evitar rutura financeira das famílias
18 de nov. de 2022, 14:25
— Lusa/AO Online
Do
pacote de medidas, intitulado “Sobreviver à inflação”, que a associação
de defesa do consumidor vai enviar ao Governo e aos grupos
parlamentares, faz parte desde logo a isenção temporária do IVA de
produtos alimentares e a criação de uma comissão de acompanhamento da
evolução dos preços de bens cuja taxa de IVA seja alvo de alteração.Ainda
na vertente fiscal, defende-se a criação de um incentivo à poupança, a
garantia da dedução em sede de IRS dos juros com o crédito à habitação
(para todos os contratos) ou o alargamento da isenção do IMI (de três
para cinco anos, no temporário e alargamento das condições da isenção
permanente), com a coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira (GPF)
da Deco, Natália Nunes, a sublinhar a importância de estas medidas
serem ainda incluídas no Orçamento do Estado para 2023 (OE2023). Em
declarações à Lusa, Natália Nunes precisou que o objetivo é “ajudar a
manter o orçamento numa situação positiva”, evitado que as famílias
entrem uma situação de rutura e mantenham a capacidade de pagar a sua
fatura de serviços públicos essenciais ou a prestação do empréstimo da
casa.O pacote de propostas – que inclui
algumas que a Deco já tinha apresentado – foi delineado também para dar
resposta à tipologia de situações e de pedidos de informação que nos
últimos meses começou a chegar ao GPF.“Desde
setembro a esta parte estamos a verificar que as famílias estão a
conseguir suportar estas primeiras revisões do crédito, mas manifestam
grande preocupação com as próximas revisões e anteveem que nas próximas
revisões vão ter alguma ou muita dificuldade em pagar”, precisou Natália
Nunes.Em causa estão famílias de baixos
ou médios rendimentos, algumas sem créditos ou com empréstimos com uma
taxa de esforço muito reduzida, e também famílias com uma taxa de
esforço acima dos 35% que no atual contexto de inflação elevada
(traduzida na conta da energia, combustíveis, alimentação ou prestação
da casa) estão apreensivas com o futuro e que precisam de algum apoio
que mitigue esta situação.“Entendemos que
estas famílias devem ter ajudas além das que já foram consagradas este
ano” diz a coordenadora do GPF, notando que os dados que vão sendo
divulgados mostram que as pessoas “vão continuar confrontadas com
aumentos de preços e a expectativa é que os rendimentos não acompanhem a
inflação”, sendo “necessário dar garantias de acesso aos bens e
serviços e essenciais”.Entre as 26 medidas
inclui-se o alargamento das refeições escolares gratuitas, a imposição
de limites nas comissões bancárias evitando um aumento de preços da
banca, a aplicação de uma taxa reduzida de IVA em todas as componentes
da fatura da eletricidade, gás, água, saneamento, resíduos e
comunicações, ou aplicação da taxa reduzida de IVA ao gás GPL
engarrafado.A Deco defende ainda a
proibição do aumento das mensalidades das comunicações eletrónicas em
2023, a proibição do aumento das tarifas de utilização das vias
concessionadas, o alargamento da tarifa social na água, ou o alargamento
do sistema de apoio ao sobre-endividamento ao sistema judicial. A
Deco considera também essencial a criação de legislação que reforce a
transparência e a obrigação de informação ao consumidor em produtos alvo
de reduflação ou que a referida comissão de fiscalização e
acompanhamento da evolução dos preços de produtos com alteração de IVA
atue no sentido de prevenir práticas empresariais que lesem os
consumidores neste contexto de inflação elevada.