Declarações de autarca do Corvo sobre danos do mau tempo são de teor “gratuito”
5 de out. de 2024, 18:03
— Lusa/AO Online
“São
declarações que, tendo em conta o seu teor absolutamente gratuito,
causaram uma profunda perplexidade”, referiu o Governo Regional dos
Açores (PSD/CDS-PP/PPM) num esclarecimento enviado à agência Lusa.Na
sexta-feira, o presidente da Câmara da Vila do Corvo, José Manuel Silva
(PS), em declarações à Lusa, sobre os estragos causados pelo mau tempo
que passou pela ilha na madrugada de quinta-feira, acusou o Governo dos
Açores de “aproveitamento político” e de “manipulação da opinião
pública”, desmentindo os danos provocados pelo mau tempo em várias
casas, estradas e edifícios públicos.“Nem a
Proteção Civil Municipal, nem os bombeiros voluntários tiveram
conhecimento dos prejuízos que o Governo Regional tornou públicos. Isto
foi uma manipulação da opinião pública, uma pura desconsideração pelos
corvinos, que ficaram estupefactos”, afirmou.O executivo regional esclareceu que os departamentos envolvidos na
resposta à intempérie que atingiu a mais pequena ilha do arquipélago
acorreram “às situações dadas a conhecer no comunicado tornado público
pelo Governo Regional, do qual resultaram as ocorrências e os estragos”
divulgados.Na quinta-feira, o executivo
açoriano indicou que a tempestade tinha causado danos avaliados em cerca
de 200 mil euros em estradas, edifícios públicos e habitações.Classificando
aquela comunicação como um "autêntico exagero", o autarca do único
município da ilha do Corvo disse, na sexta-feira, “sentir-se na
obrigação de repor a verdade”.“Não podemos
brincar com coisas sérias para eventualmente tirar proveitos políticos
ou outros quaisquer [proveitos] à conta destas situações. Sejamos
honestos e tratemos destes assuntos com dignidade e respeito”, reforçou.Para
o Governo Regional, “associar a pronta intervenção dos departamentos do
Governo dos Açores às ocorrências registadas no dia 03 de outubro, a
manobras eleitorais, constitui um absurdo incompreensível e revela, por
parte do dirigente autárquico em questão, uma preocupante ausência da
lealdade institucional, que deve presidir à relação existente”, no
quadro da autonomia, entre o executivo e os municípios.José
Manuel Silva especificou que o mau tempo não causou danos na estrada
leste da ilha, desmentiu a existência de quatro habitações com “telhados
danificados pela chuva e pelo vento”, detalhando que “apenas uma casa
ficou bastante afetada”.Relativamente à
unidade de saúde, a água só entrou “porque algumas janelas foram abertas
pelo vento”, enquanto no polidesportivo existem infiltrações “há muitos
anos”.“Fazer referência e descrever os
estragos verificados em edifícios do Governo Regional, nos casos em
apreço à Unidade de Saúde da ilha do Corvo e ao polidesportivo, sem que
tenha sido realizada qualquer observação no local por parte de qualquer
funcionário camarário, muito menos qualquer peritagem, constituiu, por
si só, um facto que descredibiliza as afirmações realizadas pelo autarca
em questão”, considerou ainda o executivo açoriano.O
autarca do Corvo ressalvou, contudo, que “não está a minimizar” os
efeitos do temporal, mas apelou a que “não se criem exageros”, nem
“alarmismos”, dizendo que o município e os bombeiros não sabem como foi
feita a avaliação dos prejuízos.“Como é
que em menos de 12 horas já estão contabilizados os prejuízos e
avaliados em 200 mil euros? Quem foram os peritos que fizeram essa
avaliação? Como é que se chega a essa avaliação em doze horas? Há aqui
algum aproveitamento para que algumas situações que, não tendo sido
resolvidas anteriormente, possam ser agora”, afirmou.Quanto
questionado, José Manuel Silva disse ainda que “se calhar foi o
aproximar das eleições autárquicas” que motivou o “aproveitamento
político”.