Decisão de vacinar crianças vale a pena se reduzir confinamentos nas escolas
Covid-19
23 de nov. de 2021, 17:58
— Lusa/AO Online
“Só
se conseguirmos diminuir os confinamentos prolongados e recorrentes das
crianças vale a pena vacinar nesta idade, dado que a doença grave é
muito rara nestes grupos etários”, disse à Lusa Inês Azevedo.A
responsável insistiu: “É uma decisão de saúde pública, em que os
responsáveis terão de ter em conta não só os números atuais [da
infeção], como perceber se através da vacinação é possível reduzir as
medidas de confinamento que têm sido impostas até ao momento nas escolas
e que estão a prejudicar seriamente as crianças”.Na
posição concertada hoje divulgada, assinada pela direção e pela
comissão de vacinas da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), a
organização lembra que as vacinas foram testadas em ensaio clínico em
1.517 crianças e que se mostraram seguras e eficazes.Em
declarações à Lusa, Inês Azevedo defende, no entanto, que para avaliar a
importância de vacinas as crianças “é preciso ter também em conta os
casos por faixa etária, a transmissão e a responsabilidade das crianças
na infeção, dados aos quais a Sociedade não tem acesso”.“Os
estudos científicos indicam que essa transmissão parece ser baixa em
idades mais jovens, mas não conhecemos os dados nacionais e será
necessário ter acesso a esses dados para perceber a importância de
vacinar crianças neste grupo etário”, explicou.A
responsável sublinhou a importância de rever as medidas de isolamento
definidas para as escolas (quando surgem casos suspeitos ou positivos),
defendendo que a SPP será favorável a tudo o que ajude a normalizar a
vida das crianças.Aliás, esta posição
ficou igualmente expressa na posição divulgada hoje no site da SPP, em
que a organização considera que, “provada a segurança e eficácia da
vacina, poderá ser considerada a sua aplicação neste grupo etário, se
isso permitir trazer normalidade à vida das crianças”.A
SPP considera ainda que, “como muitos adultos agora estão protegidos
pela vacinação, é natural que a proporção de novos testes positivos
encontrados em crianças seja maior do que antes”, especialmente com a
“testagem intensiva das crianças” a frequentar as escolas.“Com
certeza que [a decisão] terá em conta todos estes dados, assim como a
disponibilidade das vacinas no país, a necessidade de vacinar adultos de
risco e, eventualmente, também terão de ser considerados alguns fatores
de risco das próprias crianças”, disse à Lusa Inês Azevedo.Até
que alguma decisão sobre a assinação de crianças dos 5 aos 11 anos seja
tomada, a SPP reforça a necessidade de “manter medidas de prevenção
eficazes, nomeadamente de etiqueta respiratória, com higienização
frequente das mãos e uso de máscara sempre que adequado”.