Decisão de TC sobre Lei do Mar é “momento triste para Autonomia”
15 de jul. de 2022, 15:05
— Lusa/AO online
"O
BE vai agora analisar em profundidade o acórdão do TC e estudar as
formas de responder ao que foi declarado inconstitucional na presente
lei", lê-se num comunicado de imprensa do partido.O
Bloco de Esquerda (BE) lembra que apresentou no parlamento, em 2018,
uma proposta que "permitia aos Açores decidir sobre a gestão do seu mar e
que simultaneamente - e de melhor forma - contornava as objeções
constitucionais levantadas". "A
fiscalização da constitucionalidade que levou a este desfecho foi
suscitada por deputados do PS, PSD e PCP que, numa lógica centralista e
neocolonial, recorreram ao Tribunal Constitucional com o intuito de
deitar por terra a capacidade das regiões autónomas gerirem o que é
seu", aponta o BE nos Açores.O partido
critica a postura do TC, porque "historicamente" aquele tribunal "não
tem sido aliado das autonomias", mantendo "uma leitura muito restrita do
texto constitucional e dos estatutos político-administrativos das
Regiões Autónomas".O BE nos Açores
sublinha também que a anteproposta de lei que apresentou tinha "em
atenção as objeções constitucionais levantadas à data, assim como as
formas de as compatibilizar com o objetivo primordial de dotar os Açores
de poderes para o seu desenvolvimento económico, um desenvolvimento
capaz de tirar os Açores da cauda do país"."Infelizmente,
estas sérias preocupações foram atropeladas pela maioria e governo do
Partido Socialista de então que, usando subterfúgios regimentais,
apresentou e fez aprovar por unanimidade a atual versão da lei chumbada
pelo TC", acusam.Na Assembleia Legislativa
Regional dos Açores, o BE "alertou, à época, para possíveis
inconstitucionalidades da proposta do Governo Regional do PS, problemas
que foram agravados pelo PS na Assembleia da República", acrescenta o
BE.O Bloco critica igualmente o PSD e a
atual coligação de Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) que, "em política
económica, pouco faz de diferente, e o que faz é para pior"."Para
estes partidos, as riquezas do nosso mar são para alugar e, de
preferência, para os mesmos do costume, deixando a pobreza para os
restantes açorianos e açorianas. Por isso as questões do nosso
património natural e do nosso potencial económico, não são relevantes
para estes", alerta o Bloco.No entender do
BE/Açores, "estes objetivos são antes trocados, numa lógica
politiqueira e desastrosa, pela corrida de quem chega primeiro a uma
pretensa solução de defesa da autonomia para agradar no momento e tirar
dividendos eleitorais".O Tribunal
Constitucional (TC) declarou, em plenário realizado na quarta-feira,
inconstitucionais duas normas da designada Lei do Mar, aprovada em 2020,
que advoga a gestão partilhada do espaço marítimo entre a República e
as regiões autónomas.O TC considera que a
gestão do espaço marítimo nacional é da “exclusiva competência” do
Estado, não podendo essa gestão estar dependente da posição das regiões
autónomas da Madeira e dos Açores.Aprovada
em 2022 na Assembleia da República e promulgada pelo Presidente da
República, a Lei de Bases da Política de Ordenamento e de Gestão do
Espaço Marítimo Nacional foi alvo de um pedido de fiscalização sucessiva
abstrata da constitucionalidade por parte de 38 deputados do PS, PSD e
PCP.