Décima edição do Tremor com evento esgotado e 75% do público vindo do exterior
1 de mar. de 2023, 12:09
— Rafael Dutra/Nuno Martins Neves
Foi apresentada a 10.ª edição do Tremor, festival de música que se
realiza na ilha de São Miguel e que conta já com “casa esgotada”, com
75% do público a vir do exterior dos Açores.A agenda do festival,
que esgotou os bilhetes há cerca de um mês, introduz novos artistas,
novos conceitos, projetos e residências de criação. O cartaz engloba uma
multiplicidade de artistas e géneros diferentes, que atuarão em
concertos, espetáculos-surpresa e apresentações na natureza.Destaque
para as atuações de Owen Pallett, ZA! & Perrate, Holocausto Canibal
e Zkum, com uma atuação de heavy metal “no meio da natureza”, a
residência EDGE, a qual faz uma junção de artistas portugueses,
cipriotas e canários. Nota também para a banda Som.Sim.Zero, um ato
que este ano atuou no Rock in Rio Lisboa 2022e que é composta por
elementos da Associação de Surdos de São Miguel, da Escola de Música de
Rabo de Peixe, da ondamarela e músicos da ilha. Tal como, de Angel Bat
Dawid e a Banda Fundação Brasileira, numa “atuação única e irrepetível”,
conta o cofundador do Tremor, Luís Banrezes, em conferência de
imprensa.Banrezes reflete que a variedade musical, a oferta cultural
e natural açoriana resulta num festival que atrai um público eclético e
diversificado. “Cerca de 75% dos visitantes vêm de fora, são pessoas
com disponibilidade financeira”. Apesar de caracterizar o festival como
“intenso”, o organizador considera que é um evento inclusivo, para
todos, mesmo os mais novos, que poderão usufruir do programa familiar
“Mini Tremor”, constituído pelos projetos “Mais Alto!” e “O
Laboratório”.O primeiro é um espetáculo que visa sensibilizar as
crianças para a importância da democracia, com inspiração em Zeca
Afonso, e o segundo, é um conjunto de oficinas criativas que
potencializam o amor como um estimulante de criatividade.O projeto
“Receitas do Baú” regressa, pelo segundo ano consecutivo e abre as
portas das famílias de Rabo de Peixe aos frequentadores do festival,
para comer iguarias da região e ouvir as histórias dos locais. Haverá
também um jantar comunitário e uma arrematação, na freguesia, no dia 29
de março. A oportunidade de relacionar e integrar “comunidades que têm
muito para oferecer”, é algo que, “numa era de experiências”, reforça o
fator “autenticidade e inclusividade do evento”, diz João Crispim Ponte,
adjunto da Secretária Regional do Turismo, Mobilidade e
Infraestruturas.Para os demais fãs de arte, salienta-se ainda a
exibição da série documental Futuro e Memória, Terra Incógnita, de Diogo
Lima, referente à temática de edições anteriores do evento, e para
“Ornitofaunia”, de Carolina Garfo e Lendl Barcelos, com a criação de
várias instalações interativas, compostas por imagens auditivas de aves
fictícias açorianas, numa ideia que surge devido à confusão associada
entre o açor e o milhafre.O Tremor é um evento que, além da música,
foca-se na sustentabilidade e na envolvência com a natureza. Houve uma
clara aposta na “desmaterialização da comunicação” sobre o evento, sendo
esta realizada apenas online.