Debate na generalidade começa esta segunda-feira com a aprovação da proposta garantida pelo PS
OE2024
30 de out. de 2023, 08:53
— Lusa/AO Online
A votação na generalidade da proposta
de Orçamento do Estado para 2024 está prevista para terça-feira e hoje,
ao início da tarde, o debate deverá abrir com uma intervenção do
primeiro-ministro, António Costa.Desde que
exerce as funções de primeiro-ministro, esta será a décima vez que
apresenta na Assembleia da República uma proposta de Orçamento, uma das
quais – a primeira para o ano de 2022 – foi chumbada na generalidade, o
que abriu uma crise política e provocou eleições legislativas
antecipadas, que o PS venceu com maioria absoluta.Nas
últimas semanas, quando se pronunciou sobre o Orçamento para o próximo
ano, o líder do executivo procurou acentuar o fator de incerteza
inerente à atual conjuntura internacional, defendendo que o seu
principal objetivo é colocar Portugal num “porto de abrigo” face às
atuais perturbações externas, mantendo o crescimento (1,5%), o emprego
em “níveis elevados”, e reduzindo a dívida através de excedentes
orçamentais.No sábado, perante a Comissão
Nacional do PS, justificando a opção pelos excedentes orçamentais este
ano e em 2024, António Costa sustentou que seria uma irresponsabilidade o
país gastar agora tudo o que tem e apontou que a redução da dívida
permitirá poupar 2,6 mil milhões de euros em juros.Por
outro lado, nos seus discursos, António Costa tem realçado “a
atualização referencial de 5%” dos salários para a função pública”, a
subida das pensões em 6,2% a partir de janeiro, o reforço das prestações
sociais e uma descida do IRS na ordem dos 1500 milhões de euros em
2024.Já no plano puramente político, o
primeiro-ministro criticou sobretudo a oposição à direita do PS,
considerando que está “perplexa” e sem saber o que dizer em relação à
proposta de Orçamento para 2024.“A
oposição de direita está bastante perplexa e sem saber o que dizer. Já
disseram um bocadinho de tudo: Que o Orçamento era pipi, bem
apresentadinho e betinho; já disseram que eu sou luso comunista; e a
Iniciativa Liberal até disse que eu tinha três mãos”, comentou o líder
do executivo no passado dia 18 no parlamento.Nos
últimos dias, sobretudo as forças políticas à direita do PS, têm
acusado o Governo de fazer um aumento encapotado de impostos,
designadamente através do aumento do Imposto Único de Circulação (IUC)
para os carros com matrícula de 2007 ou anos anterior – uma matéria que a
bancada do PS já admitiu rever em sede de discussão do Orçamento na
especialidade.Perante a proposta de
Orçamento, o presidente do PSD, Luís Montenegro, anunciou o voto contra
na generalidade, alegando que o “reverso da medalha” da baixa do IRS e o
conjunto de subidas previstas nas receitas de IVA, dos impostos sobre
os combustíveis (ISP) ou do IUC.“Andamos
aqui a ser enganados, o país está a ser enganado. No que são impostos
diretos, as alterações são pouco significativas e limitadas; no que são
indiretos e atinge todos, o Governo vai cobrar muito mais em 2024 do que
já cobrou em 2023 e 2022”, sustentou.A
Iniciativa Liberal foi a primeira força política a anunciar o voto
contra a proposta de Orçamento - logo no dia em que foi apresentada, no
passado dia 10 - e o presidente deste partido, Rui Rocha, desafiou o
primeiro-ministro a recuar no IUC.Já o
presidente do Chega, André Ventura, classificou a proposta de Orçamento
do Estado para o próximo ano como a "maior vigarice" e a "maior burla".Nos
partidos à esquerda do PS, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana
Mortágua, anunciou cinco propostas orçamentais em relação ao Serviço
Nacional de Saúde, entre as quais um aumento de 15% de todos os salários
dos profissionais, um suplemento de risco e penosidade e um regime de
exclusividade.O secretário-geral do PCP,
Paulo Raimundo, acusou o Governo de ter operado uma “falácia nos
impostos” na sua proposta de Orçamento, visando “iludir o aumento dos
salários e ampliar os benefícios fiscais ao grande capital”.Os
deputados únicos do PAN e Livre, respetivamente Inês Sousa Real e Rui
Tavares, ainda não anunciaram se repetem a posição de abstenção que
tomaram relativamente à proposta orçamental para 2023.