Das estrelas e avisos sombrios a um Trump 'omnipresente' na convenção republicana
25 de ago. de 2020, 09:53
— Lusa/AO Online
Enquanto muitos republicanos aproveitaram os
seus discursos para preverem um "filme de terror" nacional caso Donald
Trump perca as eleições em novembro, o senador Tim Scott e a
ex-embaixadora na ONU Nikki Haley procuraram dar as boas-vindas a novos
eleitores para ajudar a ampliar a base de apoio do candidato e atual
Presidente.Scott, o único senador negro do
Partido Republicano, começou por criticar o candidato democrata e
ex-vice-Presidente de Barak Obama, Joe Biden."Joe
Biden disse que se um homem negro não votasse nele, é porque não era
realmente negro. Joe Biden disse que os negros são uma comunidade
monolítica", acusou.O senador reconheceu
que os afro-americanos às vezes são vítimas da brutalidade policial, mas
depois disse: "A verdade é que o arco da nossa nação sempre se inclina
para a justiça. Não estamos totalmente onde queremos... mas graças a
Deus não estamos onde costumávamos estar", sustentou.Uma
ideia em sintonia com as declarações da ex-embaixadora na ONU: “Eu era
uma garota morena num mundo preto e branco”, disse Haley, sublinhando
que enfrentou discriminação, mas rejeitando a ideia de que “a América é
um país racista”. Ao mesmo tempo, falou
para o movimento "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam): "claro
que sabemos que cada vida negra é valiosa".Contudo,
os esforços para se atingir um tom mais otimista na convenção foram
frequentemente ofuscados pelas acusações de que Biden destruiria os
Estados Unidos, permitindo que as comunidades fossem invadidas pela
violência.O deputado Matt Gaetz, da Florida, comparou a perspetiva da eleição de Biden a um filme de terror."Eles
vão desarmar-vos, esvaziar as prisões, trancar-vos em casa e [vão]
convidar o MS-13 para morar ao lado", declarou Gaetz, numa alusão a um
gangue formado principalmente por salvadorenhos que atua nos Estados
Unidos e na América Central.A convenção do
Partido Republicano marca um momento crucial para Trump, um Presidente
que está a terminar o primeiro mandato, mas que está a perder na maioria
das sondagens.Um profundo sentimento de
pessimismo parece ter-se instalado no eleitorado dez semanas antes do
dia da eleição. Apenas 23% dos norte-americanos acham que o país está a
seguir a direção certa, de acordo com uma nova sondagem realizada em
conjunto pela agência de notícias Associated Press (AP) e pelo Centro de
Investigação de Assuntos Públicos (NORC).Trump,
cujo discurso principal estava previsto apenas para o final da semana,
fez várias aparições públicas durante o primeiro dia da convenção de
quatro dias."A única maneira de eles nos
tirarem esta eleição é se for através de uma eleição fraudulenta", disse
Trump a centenas de delegados republicanos reunidos na Carolina do
Norte, levantando novamente preocupações sobre o voto por
correspondência durante a pandemia, apesar dos especialistas afirmarem
que este se mostrou sempre extremamente seguro.Alguns
membros republicanos estão preocupados com a ideia de que os Estados
Unidos estejam a sofrer de 'fadiga de Trump', mas o Presidente não
abdicou do palco. Na segunda-feira, surgiu
disponível para as homenagens dos apoiantes, assistiu a imagens
triunfais da sua presidência e a anúncios de ataque a Biden. E por
diversas vezes incluiu-se no programa do evento, o que tudo indica
deverá repetir-se nos próximos três dias.A
convenção republicana ocorre no momento em que mais de 177 mil
norte-americanos morreram com covid-19 e mais de 5,7 milhões foram
infetados, com a pandemia a causar um grande impacto na economia e na
taxa de desemprego.Um dos vários
afro-americanos incluídos na programação da convenção, a ex-estrela do
futebol norte-americano Herschel Walker, defendeu o Presidente daqueles
aqueles que o apelidam de racista."Dói-me a
alma ouvir os nomes terríveis que as pessoas chamam a Donald [Trump]",
disse. “O pior é racista. Eu considero um insulto pessoal que as pessoas
pensem que eu teria uma amizade de 37 anos com um racista",
acrescentou.A convenção republicana também
contou com a presença de Mark e Patricia McCloskey, o casal de St.
Louis que foi detido após apontar armas para manifestantes do "Black
Lives Matter" que passavam pela casa onde residem."Os
democratas já não olham para o trabalho do Governo focado em proteger
cidadãos honestos dos criminosos, mas sim em proteger criminosos dos
cidadãos honestos", acusou o casal, para acrescentar: "Não se enganem:
não importa onde moram, as suas famílias não estarão seguras na América
democrata radical".A Convenção Nacional
Republicana começou nesta segunda-feira, durante a qual será
oficializada a nomeação de Donald Trump como candidato do partido à
reeleição nas eleições de novembro.